sábado, 29 de dezembro de 2018

SUZI

   A Suzi foi mais um exemplo da indiferença, da maldade e do desrespeito pela vida alheia que tão bem caracterizam a espécie humana.


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   Apareceu na minha rua, magra, triste, desorientada e faminta em meados de 2012 e só por milagre não foi atropelada.


  Tinha sido entregue a uma idosa com Alzheimer, tão esquecida e abandonada quanto ela e apenas uns brasileiros que habitavam um anexo ali perto, lhe atiravam de vez em quando alguns restos de comida.

   Durante vários dias, tentei ganhar a sua confiança, mas a sua  agressividade era de tal forma evidente que me fazia desistir, até ao dia em que a fome a fez entrar no meu quintal, atrás de um prato de comida e fechei o portão, assim que a vi cá dentro. 

    Era quase impossível fazer-lhe uma festa, mas deu-se bem com os meus cães e isso foi a razão pela qual, achei que talvez com o tempo, ela viesse a confiar em mim e abandonasse aquele olhar triste que o tempo nunca mudou. 

    Mandei-a esterilizar, mas verificámos surpreendidos que após o corte, ela já não tinha órgãos reprodutores e que a cicatriz da anterior cirurgia, era de tal forma imperceptível que não foi sequer notada na hora de a abrirem de novo. 

    Adensava-se o mistério!

    Como e de onde teria vindo a Suzi e qual a razão de tanto medo?  

   Passaram-se alguns meses, até que alguém me contactou, mostrando-me um apelo com uma fotografia da Suzi no "Encontra-me". 


   Afinal havia um tutor preocupado que a procurava e talvez fosse essa a razão pela qual, ela me aceitava com tanta desconfiança!

  Respondi ao apelo, mas novamente a resposta foi insólita. 

  Quem colocou o anuncio, não foi nenhum tutor, mas sim a associação que entregara a Suzi a uma família que lhes pareceu de confiança, mas quando tentaram saber notícias, após várias tentativas sem respostas, souberam finalmente que ela tinha desaparecido.


   Após longa troca de explicações, falsas desculpas e declaradas mentiras dadas pelos adoptantes, decidi que não a entregava a mais ninguém, obtendo de imediato a concordância dos voluntários da associação que depois me relataram como a tinham encontrado na beira de uma estrada, com filhotes há cerca de um ano. 
  Recolheram-nos, cuidaram, deram os bebés e esterilizaram a Maia, nome que lhe tinham dado, até serem enganados por esses adoptantes que a descartaram sem pejo para casa da mãe idosa desse "dono" que não a quis, assim que verificou que ela não lhe servia para a caça.

   Este é o triste destino de grande parte dos cães usados e abusados pelos caçadores, mas se durante alguns meses, a Suzi parecia saudável e apenas evidenciava o medo de qualquer humano que dela se aproximasse, algo muito mais grave escondia, talvez dos tempos em que a terão mantido sem carinho nem condições, condenando-a depois ao abandono e até à morte, como acontece a tantos outros que não encontram quem os tire das ruas e lhes dê o respeito e a confiança que merecem. 


    Uma manhã, quando lhe abri a porta do anexo onde dormia com o amigo Fausto, percebi que estava desorientada, rejeitou a comida e deambulou pelo pátio até perder as forças e cair no chão em sofrimento. 

    Dirigimos-nos de imediato ao hospital veterinário, porque era domingo e ficou internada para exames. Não se percebia o porquê do seu estado que cada vez era mais grave, ao mesmo tempo que se tornava cada vez mais feroz, tentando atacar quem se aproximasse dela e sem me reconhecer. 

    Os veterinários suspeitaram de algo no cérebro que poderia ser muito grave, ou mesmo fatal. 
    Fez- se um tac que indicou uma mancha que sugeria um tumor, mas além disso, havia ainda uma marca no osso do maxilar que poderia ser uma sequela deixada por antigos golpes e maltrato.

    De volta, ao hospital, começou um tratamento difícil à base de cortisona e inesperadamente, ganhou o equilíbrio, voltou a comer bem e a melhorar dia após dia, contudo, a sua revolta e  comportamento agressivo manifestavam-se cada vez de forma mais ameaçadora, tanto para os profissionais que a cuidavam, como para mim, nas visitas diárias que lhe fazia. 


    Finalmente, descartada a possibilidade de um tumor, a hipótese de inflamação nas meninges ganhou força, já que o tratamento tinha sido direccionado para esse fim e ela se mostrava curada, podendo mesmo regressar a casa, sem mais medicação, mas o veterinário tinha receio dela e desse seu comportamento agressivo que dada a sua estatura e força, poderia colocar em risco tanto a nossa integridade física, como a dos outros animais residentes e sugeriu delicadamente a eutanásia, "pelo bem de todos". 

     Passei a noite em claro, mas no dia seguinte, apelei à minha coragem e fui buscá-la sozinha!
    Com todos os cuidados, de açaime, colar e duas trelas atadas a um gancho do carro para que não me atacasse no trajecto mais lento que alguma vez fiz e de olhos plasmados no retrovisor, não fosse ela saltar do banco de trás e atacar-me, chegámos a casa. 
     

    Ao ver o nosso portão, reparei que abanava a cauda pela primeira vez e entrou afoita. 
   Tinha fechado os outros cães anteriormente, mas deixei que o Fausto saísse para a receber. 

    A Suzi estava finalmente em casa, renovada e mais feliz que nunca!   

  Retirei-lhe o colar, soltei-lhe as trelas, deixei-os correr e por fim até o açaime saiu!

  Bem vinda a casa, querida Suzi, porque até as  carícias que sempre me negaste, passaste a  consentir, ao mesmo tempo que me pedes o beijinho de boa noite, plantado na pontinha do teu nariz frio e molhado!

   Tanto a doença, como o internamento ou o mal estar que sentia, despertaram-lhe velhas memórias de abandono, sofrimento e dor, mas tudo afinal lhe serviu definitivamente para que entendesse que jamais eu iria desistir dela e assim, aceitou confiante a nossa casa e a nossa família, como a sua...    


   

          

                 

domingo, 23 de dezembro de 2018

NATAL FELIZ ?


Texto alt automático indisponível.

 Mais um Natal e mais um ano que vai em breve vai terminar. 


   Não, não vou dissertar sobre religiões, porque todas elas merecem o meu respeito, mas se cada uma adoptou as suas datas de celebração, os Cristãos fizeram do seu Natal, uma negociata pagã que agride tudo aquilo que eles próprios, um dia, pretenderam divinizar.


   Não quero que me desejem um Natal feliz, enquanto morrem milhões de inocentes para encherem os pratos de quem faz o uso selectivo da palavra "amor", porque quem, como eu, conseguir entrar em cada um desses seres e em cada dor sentida, fazendo dela a sua, saberá que não é justo contribuir para que este holocausto exista! 


  Não quero, nem tenho Natais felizes, enquanto o eco da dor e do sofrimento de cada uma dessas vítimas, perturbar as minhas noites de sono e me fizer lamentar a humanidade cruel que festeja o nascimento do seu Deus, com a morte daqueles a quem Ele deu a vida!


   Não tenho Natais felizes, quando tudo à minha volta tresanda a essa já banal hipocrisia embrulhada em papéis coloridos de uma falsa solidariedade que sucumbe logo que cai o pano da comédia natalícia e os tradicionais actores retiram a desbotada maquilhagem, mudam de roupa e dobram as asas de anjos para a próxima actuação de amor ao próximo.


  Chega de Natal, de frases feitas e de reviver tempos que achei que podiam ser de paz e da união que nunca senti.                          Talvez por isso me tenha disposto a entrar ao de leve nesta quadra, para tentar dar aos meus filhos, aquilo que a comunidade lhes exige, sem contudo abdicar das minhas descrenças e princípios.

  Hoje, verifico com agrado que não é preciso ser Natal para apoiar um amigo, respeitar o direito à vida de qualquer animal, ou reunir os únicos familiares que me restam, mesmo que a distancia nem sempre o permita... 


    E porque o Natal não precisa de ser quando manda o calendário, não quero ser feliz só quando mo desejam, porque sei sê-lo quando o Sol brilha e o calor me acaricia, mas sem deixar de lado esse sentido de justiça e a coerência que só alguns têm, mas que nenhuma religião nos dá!



  Feliz Natal a quem só o tem uma vez ao ano!





    

    

   
   

   

            

     

domingo, 2 de dezembro de 2018

SUBCOMISSÃO DE ÉTICA - PARLAMENTO

                        

                        EQUIDADE?

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    Aqui está uma palavra das mais faladas e menos cumpridas! 

    Presumo que na maior parte dos casos ela se assemelhe mais a uma espécie de sedativo administrado em doses industriais aos mais incautos e distraídos nestas andanças políticas que se contentam com meras falácias ditas por quem os sabe controlar, coisa que comigo já não cola, no entanto, pelo sim pelo não, fui investigar e fiquei surpreendida por existir no nosso Parlamento, uma Subcomissão de Ética, com uma página quase em branco, não sei se por funcionar em sigilo, ou se a ética de todos os deputados, cuja "palavra faz fé", não pode ser posta em causa, mesmo quando alguns e não são poucos, os que pisam o risco...

    Foi igualmente com surpresa que tomei conhecimento de um caso que esbarra com as normas do nosso Parlamento, mas que nem comentaria, se a tal "equidade", fosse mesmo a arma democrática aplicada em todos os casos de falta de respeito dessa Casa, o que não acontece e mas mais uma vez reconheço que por aí, as coisas são cada vez menos lineares...  

    As redes sociais, têm sido, sem dúvida, a maior inimiga desta pobre"democracia", porque por entre as"fake news" e as sérias, lá se vai sabendo qualquer coisinha que nos deixa a pensar.

   Sem saber precisar a data da ocorrência, mas relembrando o que lhe deu origem, um grupo de precários que se manifestaram nas galerias contra o ex primeiro ministro Passos Coelho com profunda indignação, quebrou a ética parlamentar, interrompendo de forma ruidosa os trabalhos. 

    Até aí, estamos de acordo, porque não se pode fazer "baderna" num lugar de respeito, mesmo quando quem se revolta não tem onde cair morto/a, porque o Estado lhe sonegou o sagrado direito ao trabalho e a uma vida digna, contudo, só uma mulher foi a julgamento e nem a precariedade da sua situação a salvou de uma multa de quase mil e quinhentos euros, para não ir presa, já que a justiça dos fracos é mais pesada, embora a de outros, nem por isso...

    Como é evidente, não é este o caso que me fez vir aqui indagar à Subcomissão de Ética a sua actuação, porque ainda sei separar poderes, mas o que não sei e gostava de saber, é onde está a equidade de tratamentos dados a uma precária desesperada por falta de pão e a uma deputada que pinta as unhas no hemiciclo, coisa que eu nem me passaria pela cabeça fazer à frente dos meus alunos, numa sala de aula. 

   Lembro igualmente quando se discutiam as bebidas açucaradas, no dia 24 de Novembro de 2017 e o deputado do PAN mostrou alguns exemplos de embalagens sem adição de açúcar, como foi indigna, arrogante e vergonhosa a forma jocosa com que o Sr. Presidente Ferro Rodrigues, lhe cortou a palavra, mandando-o "desmontar a tenda". 

  Igualmente própria de certos debates em países do 3º Mundo, foi também a postura do deputado Carlos César e dos seus apoiantes, quando da discussão da "abolição da caça à raposa e saca rabos", no passado mês de Outubro, com piadas  ofensivas aos mais de vinte mil portugueses signatários da petição em causa. 

   Poderia sem dúvida continuar a recordar outras posturas impróprias de um Parlamento que deve respeito ao povo que nele deveria confiar, mas que nem a Subcomissão de Ética se atreve a criticar, talvez porque o termo (ética) não existe mais, nessa Casa que deveria ser um exemplo de decoro e de respeito.


   Falta-me contudo referir o último capítulo da indecência e da falta de democracia existente nesse majestoso edifício, onde a boçalidade atingiu o seu expoente máximo com um toque de tourada, olés, forcados do Rato, aplausos e cumprimentos à saída!

   Exmos Srs Deputados indigitados para uma suposta Subcomissão de Ética:
   Que penalidade foi, ou será dada a um deputado que quebra as regras de decoro que tem faltas injustificadas, pouco ou nada participa nos debates e é ainda suspeito de ter recebido favores para assistir a um jogo do Euro 2016 em França, possivelmente em classe executiva? 

   Até quando se desacredita e se consentem estes comportamentos abjectos numa Assembleia da República que tem como dever representar e respeitar todos os portugueses e não apenas os egos inflamados de alguns senhores pagos por todos nós?  


    Atrevem-se a responder?  

      

        

          

     

    

    

      

      

     



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

AVISO URGENTE: ACORDAR!

 O Campo Pequeno tocou hoje na Assembleia!

  Quem é que teve o desplante de chamar "Casa da Democracia" a esse edifício neoclássico onde se burla o povo que de venda nos olhos, a sustenta? 
    
   O governo decidiu que o IVA das touradas,  não deveria ser de 6% como outros espectáculos, por ser considerado violento e inadaptado à actual evolução civilizacional, mas foi desautorizado não só pela maioria dos partidos, como por metade do grupo parlamentar que o suporta.

   Enfim, não será por ninharias que o amianto de certas escolas deixará de ser retirado, as estradas reparadas, os equipamentos médicos renovados, ou se compre pelo menos um comboio novo, para fingir que se investe qualquer coisinha nos transportes públicos.


    Voltemos então à "Casa da Democracia" e à votação do IVA das touradas, com música de fundo, olés e uma homenagem especial ao "grupo de forcados do largo do Rato"cujo número afinal é de 43, embora a maioria não consiga já com um gato pelo rabo (salvo seja), quanto mais com um touro... 

   Nestas coisas de pegas de caras e bandarilhas, a união das bancadas é como aqueles casamentos de conveniência, onde as desavenças e as traições se resolvem com um cartão de crédito. 

    Um deputado do PSD que por acaso não devia ter grandes razões para graçolas, visto que é um dos arguidos por recebimento indevido de vantagens das viagens ao Euro 2016, pagas pela Olivedesportos e que era para ter sido resolvido no passado mês de Agosto (2018), mas que pelos vistos não o foi por causa do calor, mas se não se falou mais nisso, foi porque agora já faz frio. 
   O humorista de turno, foi Luís Campos Ferreira que brindou a Assembleia da República com a música da tourada, gravada talvez no seu telefone, pela sua estimada mana Fátima Prós e Contras, durante algum orgasmo familiar experimentado durante as touradas transmitidas pela RTP. 

   Assim são os políticos portugueses, tranquilos e confiantes, dependendo da quadrilha, porque alguns, como é o caso deste honesto deputado, nem precisam rebaixar-se a justificar as faltas, coisa que, para qualquer funcionário público, dá processo disciplinar, mas para os "trabalhadores da Democracia", não é preocupante, visto que na "Subcomissão de Ética", quem lá está são os amigos.    

     

   

   
    
      

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

"DESTROCE"


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   Recordo hoje aqui uma situação um tanto ou quanto caricata que me sucedeu há alguns anos, quando decidi estacionar num lugar apertado e cuja manobra teve que ser feita com cautela, para evitar possíveis danos.


   Nunca fui perita em estacionamentos difíceis, mas não gosto de ajudas externas que normalmente, só me servem para  atrapalhar, por isso, não gostei de sentir atrás de mim, aquela voz enviesada que dizia "destroce... destroce...", como se distorcer a direcção para onde ele mandava, fosse a solução adequada.


    Sem prestar atenção e apesar da insistência, lá consegui finalizar a manobra e sair do carro, não sem ver logo uma mão suja estendida à frente do meu nariz, aguardando a respectiva moeda.

    Era um homem ainda jovem, magro de cabelo preto, com as calças amarradas à cintura por uma corda e uma camisa desbotada. 


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   Na passada 2ª feira, dia 19/11,  relembrei esse inesquecível      "destroce", no programa Prós e Contras da RTP!

  É incrível, como certas figuras, pelas semelhanças físicas, nos despertam memórias desagradáveis e mais incrível ainda, é ver como se "destrocem" em debates imbecis de fraca  argumentação, próprios de quem "encornou" (já que é de bovinos que se fala), a velha e já gasta cartilha da tauromaquia. 

   Há certos praticantes do "destroce", ou havia, já que os parquímetros retiraram aos propriamente ditos, o pão ou o vício, como é que alguns vivaços conseguem subir na vida à custa de manobras sujas e malabarismos de esperteza saloia, com afincados esforços de  intelectualidade, roupa melhorada e carradas de sebo com perfume para segurar o penteado das intempéries que não deixam porém, de os identificar pelas evidentes semelhanças físicas a  qualquer cidadão sem abrigo marginalizado por esta sociedade desigual, a quem o destino, postura, ou coerência, não permitiu qualquer ascensão social e menos ainda ser usado num certo debate televisivo tendencioso, com  assento privilegiado ao lado de gente que traiu valores por interesses pessoais, financeiros e demagógicos, com palavras e desculpas sem crédito.


   Foi desta maneira que olhei a figura ridícula e palavrosa do senhor Prótoiro, cuja falta de ética e educação, tão apreciadas e comuns aos seus correlegionários mais instruídos, não deixa de revelar o verdadeiro "destroce" que uma actividade caduca, anacrónica, imoral e violenta significa.

   Não me apraz aqui falar nem da triste actuação da moderadora que ainda teimam incluir em programas de responsabilidade, após todas as críticas e  anteriores denúncias, nem sobre a direcção de programas da RTP que esbanja despudoradamente os nossos impostos com antigos compadrios e espectáculos abjectos,  já que, infelizmente, todos sabemos de sobejo, os conluios internos que poluem muitas empresas públicas e esse looby de tentáculos selvagens que há muito se infiltrou de forma permissiva na política, através dos mais baixos interesses egocêntricos, corruptos, sádicos e insensíveis. 

  Perante tudo o que vemos e sabemos, apenas me resta sugerir que nas próximas eleições, é melhor "destrocer" que desistir, ou fazer marcha atrás, já que a modernidade nos impõe acção e esforço conjunto, para uma erradicação definitiva de práticas e costumes impróprios à nossa ascensão evolutiva.      

sábado, 17 de novembro de 2018

TVI - JORNALISMO POR ENCOMENDA!

   É lamentável como a maioria dos portugueses ainda é tão incompreendida e ultrajada!

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   Verifica-se hoje a crescente tentativa de manipular dividindo, bem como a intenção mais que evidente de formar "rebanhos" amestrados, através de uma comunicação social treinada e paga para alterar comportamentos e realidades, servindo apenas interesses de políticos de velha guarda. 


   Somos um povo de brandos costumes, traído e subjugado pelo medo e por uma insegurança latente, ampliada por técnicas de marketing grosseiras e lobistas.


   Temos votado sucessivamente em pulhas vendidos a interesses que não são os nossos, adquirindo a descrença na justiça, na religião e nessa impunidade tornada quase normal que nos deixa de braços caídos, perante o jugo da  impotência e do receio da mudança .


   A depressão e a inércia são as realidades que se nos apresentam perante combates solitários e batalhas perdidas, contudo, uma larga fasquia da nossa sociedade, reconheceu  finalmente outros valores civilizacionais que anteriormente se ignoravam. 


    A evolução de certas consciências, trouxe-nos finalmente o reconhecimento desses eternos"escravos"sem voz e de um amor incondicional raro que só a inocência de outras espécies consegue ainda conter puro e inviolável.


    Que haja complacência para o dever não cumprido de um Estado educar, cuidar e fazer justiça, até se compreende, dadas as mentiras e esconderijos manipuladores que se verificam a cada passo nos mídia, mas perceber que esse mesmo Estado desfruta do poder absoluto de impor tradições abjectas para que ele próprio se possa regozijar com o sangue de inocentes em arenas de vergonha machista corrupta e que os impostos que tão suadamente pagamos servem para alimentar vícios, torna-se inaceitável e repugnante para qualquer pessoa de bem, provida de lucidez. 


   Embora cada vez mais gente, tenha já posto de lado o conceito de "animais de companhia", versus "animais de consumo" e a ciência tenha mostrado a senciência de todos eles, não é admissível que alguns seres sejam usados apenas para diversão de gente acometida por perturbações comportamentais de ódio, ou de sadismo, cujo excesso de anti depressivos não resolve, mas falando ainda desses fármacos que se tornaram tão banais no nosso país, há aqueles que ainda os consomem, não por falta de paz de espírito, mas por total desilusão...

   Há contudo outros que os conseguiram diminuir, ou mesmo trocar pelo amor de um cão ou de um gato, num equilíbrio de emoções saudável e menos solitário que beneficia dessa magica simbiose de afectos, para o bem estar de ambos. 


  Por pressões de vários sectores, criou-se finalmente uma legislação titubeante de protecção animal que embora defenda uns e condene outros, foi a única que se conseguiu, mas após a euforia inicial, logo se percebeu que não funcionava, porque não foi dada a devida consciencialização nem ao poder executivo fiscalizador, nem ao judicial.  


   Perante a desilusão, inoperância e laxismo no cumprimento dessa legislação, quem antes confiou na justiça, passou a preferir executá-la pelas próprias mãos, ou apoiar um certo grupo de práticas duvidosas chamado IRA, tal como noutros tempos existiram e se apoiaram outros, bastante mais violentos e até sangrentos de defesa dos direitos das mulheres, ou das classes sociais mais carentes e desprotegidas. 


   É num grupo de anónimos de rosto coberto que residem as expectativas e esperanças de muito boa gente e para esses desencantados, tanto faz quem eles são, como operam ou o que escondem, desde que actuem, salvando animais maltratados da inoperância das autoridades. Porque será então que nem todos reparam que ao contrário de um outro IRA, cuja motivação sempre foi mais política que outra coisa, estes salvadores de cães, gatos e cavalos, nunca desafiaram a tauromaquia, ou nunca boicotaram uma tourada e segundo se diz, um deles até participa nelas como forcado?


   De qualquer forma e apesar desta dúvida que me assiste, prefiro não criticar quem neles confia, embora eu não o faça, mas por vezes penso se não fariam falta outros grupos que limpassem com eficácia o despudorado poder de certos políticos, embora sem sangue nem violência que é afinal o que o PAN tem feito,  com a ética que o define e que por isso, deu aso a que se instalasse a calúnia e a mentira, como armas poderosas contra esse evidente medo de se perderem antigos interesses e mordomias, medo esse que finalmente o povo parece estar a  perder, numa crescente revolta de contestação e total descrédito dessa "democracia" composta por traidores, sabiamente gerida e manobrada para enganar apenas quem não quis, ou não se dispôs ainda a ver ...

         

     

     

         

             

         

         

domingo, 11 de novembro de 2018

CARTA ABERTA AO PRIMEIRO MINISTRO

  


 Presumo que uma carta aberta, qualquer plebeu pode ler e responder !



           Imagem relacionada

   

 Como tal, tendo já formulado a minha opinião sobre a carta de Manuel Alegre, venho agora comentar a do Sr. Primeiro Ministro.
     
   Como neste país os imigrantes africanos são proibidos de efectuar a mutilação genital feminina às suas crianças e jovens, não percebo porque é que nem a todas as "tradições" abjectas, o mesmo procedimento, não pode ser usado. 

  Como é evidente, de forma alguma quero fazer uma comparação entre MGF e as touradas, embora ambas sejam tradições arreigadas e defendidas pelas comunidades que as praticam, logo parece-me uma opinião descabida, criar para as touradas mais uma cómoda excepção que apenas revela a  falta de coragem de assumir que qualquer acto bárbaro, não pode ser jamais uma questão de somenos e continuar nas entrelinhas de um país que quer parecer civilizado! 
  
   As touradas não podem ser vistas como um detalhe, ou um tema incómodo que se atira para as autarquias, ou para a dualidade de gostos, porque elas não são o simples binómio entre quem gosta e quem detesta, já que existem  protagonistas que ao contrário, por exemplo dos boxeadores, não usufruem de qualquer vantagem e são mortos no final de cada actuação, após infinita tortura.
   Por serem seres sencientes, o sofrimento destes animais, de modo algum pode ser desejado por eles, ao contrário do que maldosamente alguns afirmam.          
   O que verifico nestes políticos "anti tourada" que desejam navegar em águas mansas, ou viver bem com Deus e com o Diabo, é a falta de carácter para assumirem o que sabem que é certo e o Sr. Primeiro Ministro, apesar das lindas palavras tão sabiamente usadas nesta "carta aberta", adopta quase o mesmo discurso...

   Falar de "Democracia", de liberdades e até da violência sobre as crianças que assistem à tortura destes animais, é ridículo, quando se detém o poder e não se tem coragem para tomar posição contra a transmissão destes espectáculos na tv pública, ou se fecha os olhos aos menores que assistem a estas performances de sangue e até participam activa e descaradamente no brutal e desumano esfaqueamento dos touros da tal excepção dada a Barrancos e a Reguengos de Monsaraz, pelo partido a que, por estranha  coincidência, Vª. Exª pertence.

   Diga-nos, Sr Primeiro Ministro, qual o país que gere e se acaso sabe o que se passa nele, no que respeita à permissividade nada cultural, artística, ou poética destas actividades que não passam apenas pelas touradas, nas também nas largadas e afins. 
   V Exª terá talvez nomeado uma boa Ministra sem imaginar que era uma mulher de fibra que tocaria na ferida de muitos dos seus apoiantes, mas as mulheres a sério, assumem-se e sem dúvida que esta o fez assumir-se, embora ainda "poucachinho", apesar de eu saber que os amigos são para as ocasiões e as eleições estão à porta... 
    
        
  
       
   
    
         

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O POETA ALEGRE


      


      "Ser poeta é ser mais alto"


 

  

 Que dirias tu, Florbela 
Espanca, se tivesses conseguido respirar a aragem da igualdade e da consciencialização que este novo século nos trouxe? 

   Que dirias tu, mulher de sensibilidade à flor da pele, se este século tivesse conseguido dar uns passos atrás para te explicar que o amor ao próximo, pode ter outros focos que não apenas aquele que tu sentiste e pelo qual morreste?

  Que dirias tu, Camões, "alma minha gentil que partiste tão cedo desta vida descontente" se soubesses que "ser poeta", nem sempre "é ser mais alto" quando se mistura poesia com violência, ódio e sangue...

  Que dirias tu então, de um artista de fachada que usou a sua habilidade poética para se promover à custa de um povo carente de liberdades, pisado, humilhado e reprimido durante quarenta anos, mas que lhe trouxe honras e subvenções mensais que ultrapassam 8 salários mínimos de qualquer trabalhador esforçado?

  Que dirias tu ainda, se eu te dissesse que a democracia de hoje, é como a de certos poetas, cuja coerência de sentimentos, apenas desacreditam o que um dia foram ou escreveram?

  Felizmente não conheceste o "poeta Alegre", porque se olhasses bem para os 82 Invernos espelhados nessa figura de marialva fora de prazo, bem nutrido de poder e de vantagens, decerto não irias gostar!

   Descansa em paz, amiga, com todos os teus amores impossíveis e aqueles que "amaste só por amar", porque eu prefiro amar as minhas causas, viver por elas e escrever sobre um certo"poeta", cujo sentimento, apenas existe no abdómen de gula, assim como a altivez e a presunção, patentes no olhar baço raiado de sangue e das mortes inúteis que lhe alimentam o espírito devasso e incoerente.

   Há fascistas mascarados de democratas, porque precisam adicionar conteúdos de vanguarda às suas  personalidades tacanhas, mas cuja noção de democracia, só existe para conforto dos seus egos mesquinhos. 

    É assim com este "poeta alegre", ensandecido pela perspectiva de perder o sádico gozo da caça e o espectáculo macabro de nobres herbívoros sangrando em arenas doentiamente legalizadas. 

   É assim que se atraiçoam os valores culturais e civilizacionais de um povo que, ao contrário do que alguns pensam, cresceu, passando a condenar essa violência gratuita, comparticipada e apoiada por um Estado retrógrado e imoral, composto por farsantes e parasitas avessos à evolução ética de um povo que tão tristemente manipulam para seu beneficio.

   Foi a um "poeta" traidor, a quem a idade aguçou a ambição, que assistimos, numa certa campanha eleitoral, feita de verónicas, cavaleiros e pegas de caras que a moral triunfou com uns quantos pares de bandarilhas negras, cravadas sem erro, num certo lombo já flácido! 

  Como deve ser difícil e doloroso perder a pose perante tão cruel derrota...
  Como deve ser difícil dar a mão à palmatória e ter que aceitar que os tempos mudaram, que o "outro"já não é só um "poeta alegre"de copo cheio que viveu de mordomias, mas sim e também, um animal senciente, cuja poesia existe na música ritmada do seu chocalho, enquanto petisca a erva fresca que a Mãe Natureza, tão generosamente lhe entrega ...               

       

      
    
            

        

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

CULTURA À PORTUGUESA

 

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      Mataram a cultura e estagnaram-nos no tempo, para que não se derrubassem interesses e para que a pobreza envergonhada não fosse exposta ao mundo e ainda agradecesse abanando a cauda a qualquer esmola. 
      Este é o Portugal dos turistas, das desigualdades, das mentiras e da corrupção, com o seu povo manso e retrógrado que apenas se manifesta no futebol, no sádico prazer de matar seres indefesos em caçadas, na sangria dos touros, na violência doméstica, nas injustiças escamoteadas e em divertimentos abjectos legalizados, para que finalmente sintam qualquer poder ou domínio e esqueçam, btutos e alcoolizados, o seu dia a dia de servilismo e escravatura miserável a que a falta de horizontes e cultura os condenam. 


 Quando o futebol é usado horas a fio nas televisões, dia e noite com a mesma ladainha, investindo-se em grupos de comentadores de assuntos esgotados, é sinal de que algo de muito grave se passa.

 

    Este é o país, onde as notícias são filtradas e omitidas conforme a vontade não do freguês, mas sim dos seus donos, nesse reles intuito de escamotear os escândalos, fazer render processos políticos mais mediáticos que comprometem este ou aquele amigo, em saltos de canguru, mas que ao mesmo tempo vão sendo descobertos e timidamente desmascarados por uma fasquia da população mais atenta, entre dúvidas e críticas acaloradas, mas sem futuro à vista...

   Tenho pena deste meu país amordaçado e traído, deste esboço de democracia vilipendiada e descaradamente aviltada por quem deveria ter a honestidade e o dever de a fazer respeitar e cumprir!


   Somos os escravos de uma economia de interesses e desigualdades, devotos de uma religião de falsos pregões e moral duvidosa que bajula e serve quem mais tem, actuando nos palcos da opinião pública com a mesma hipocrisia usada nos tempos da ditadura, em eterno acordo com o Vaticano que dela se serve, nesse já velho acumular de riqueza e poder, feito de falsidade e da manipulação das massas menos esclarecidas e amorfas.


    Deixou-se finalmente a necessidade de esconder crimes económicos, corrupção e compadrio, porque se treinou o povo para a ignorância, o egoísmo e a passividade. 

    Monopolizaram-se os midia, para que relatem apenas o que convém, em catadupas de sensacionalismo rapidamente justificado por uma justiça de "legalidade" obscura e vendida à impunidade.  


      A voz do povo que sustenta os seus alegados representantes, perde-se em cada discussão parlamentar, transformando-se na voz dos lobbies que sustentam certos partidos, grupos e organizações encapotadas, famintos de regalias e intrépidos intervenientes dos governos sórdidos que nos usam e exploram. 

 


   Mataram o nosso povo pela ignorância!




      Este é o meu país, aquele que se deixou adormecer embalado no doce perfume dos cravos vermelhos e nas falsas promessas de governantes sem escrúpulos nem ética que apenas singram graças à ignorância, ao medo e à apatia de quem os sistematicamente escolhe .      


 

     Este é ainda o país onde os ministros são apenas peças de um xadrez oculto pelos interesses, pela corrupção e cujos argumentos, próprios do poder absoluto, do autoritarismo e da protecção acérrima que lhes é concedida, conseguem assim convencer os menos atentos, ou pouco letrados.

    Quando um ministro da cultura se torna de tal forma invisível que até os seus fiéis apoiantes o salvam de perguntas incómodas no Parlamento sobre a "tradição cultural" de esfaquear um animal vivo e amarrado em praça pública, não merece sequer ser criticado com palavras limpas e num português ortograficamente cuidado que não seja aquele de um certo acordo que desvirtua a nossa língua e essa portugalidade já tão atraiçoada e caduca. 


    Sem dúvida que os tempos são de retrocesso, de absurdos que roçam cada vez mais o ridículo e o apelo a uma ditadura que julgávamos vencida, mas cujas garras nos ferem dia após dia com maior profundidade e menor sensibilidade das suas vítimas. 

   A falta de entendimento contagia a opinião pública, com acontecimentos que se sobrepõem ao essencial e os nossos "ídolos" passaram a ser, não os da cultura, das artes ou da ciência, mas sim os do pontapé e dos escândalos idiotas relatados nas revistas cor de rosa. 


   Um ministro da "coltura" que apoia ébrios e selvagens, não merece, nem nunca será de CULTURA, mas sim um elemento inerte e traidor dos pressupostos que lhe deveriam ser exigidos, mas que apenas o alimentam da incúria dos seus superiores, justificando a sua explícita incompetência, covardia e falta de carácter!

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

SOBRE A CAÇA À RAPOSA E SACA-RABOS

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Exmo Sr Deputado Carlos César

   Decidi hoje dirigir-me a Vª Exª, na qualidade de líder da bancada parlamentar do PS, porque me sinto ofendida e ultrajada!  
   Sou portuguesa, tal como as mais de 20 mil pessoas que assinaram a petição discutida no passado dia 3 de Outubro sobre a proibição da caça à raposa e saca-rabos.
    Todos pagamos pesados impostos que saem do bolso de cada um de nós e que sustentam a peso de ouro a Assembleia da República e os seus intervenientes, esperando portanto, da parte de quem alegadamente nos deveria representar, uma postura digna, educada e respeitadora e não o circo de graçolas e risos a que assisti através da AR canal. 
    Acreditei ingenuamente que o meu país se situava na Europa do século XXI, mas decerto me equivoquei, pois o que se passou no passado dia 3 de Outubro de 2018, foi uma performance parlamentar degradante, saloia e insultuosa, digna de políticos da América Latina ou de qualquer país do terceiro mundo. 
    Não estou aqui sequer a pôr em causa as opiniões de certos deputados que votaram contra a proposta em causa, mas sim o deboche como foram expostas, verificando-se que nem sequer se tinham preparado, ou pesquisado sobre o tema em discussão, porque mentiram, como se neste rectângulo à beira mar plantado, mais de 20 mil pessoas, fossem todas idiotas.
     As mentiras resultaram talvez de interesses individuais ou de compadres, mas também por não terem sequer visualizado os vídeos de matilhas de cães esfaimados, esfacelando as suas presas, a real função dos paus, a crueldade da morte dos animais, em época reprodutiva que até após os incêndios que fizeram desaparecer grande parte dos seus habitats, ainda foram chacinados, sem respeito nem cuidado, pela diminuição drástica da nossa fauna. 
     As mentiras, ou a propositada ignorância, foram também não terem visto os verdadeiros resultados da sinistralidade rodoviária devida a animais selvagens, dadas pela GNR à UVS ( unidade vidas selvagens) que rondam os 2000 animais atropelados por ano, com  riscos associados, nos veículos envolvidos, sendo os mais frequentes, raposas, ouriços e coelhos e aparecendo em menor número nas estradas municipais, atropelamentos de animais de maior porte, como javalis, veados, cervos, etc.
    Lamento igualmente que os Srs Deputados saibam tão pouco dos hábitos alimentares das raposas, mas sobretudo das quantidades e espécies que fazem parte da sua dieta, porque se esporadicamente a falta de insectos, pequenos roedores, frutos caídos e pequenas aves, os fazem atacar alguns animais domésticos, esses ataques são pouco frequentes e significativos, segundo o trabalho do Dr. José P. Esmotiz Pires, "Ecologia Alimentar da Raposa". 
    Gostaria igualmente, já que V. Exª faz parte deste Governo que nos facultasse os resultados dos últimos censos feitos à população de raposas e saca-rabos, feitos em Portugal, porque pelo que investiguei, não existem, logo, a preocupação das verbas a utilizar para a "esterilização de raposas" que tira o sono à Srª Deputada do CDS, é infundada, tal como o é, o "N" a mais do PAN, porque possivelmente também não terá conhecimento nem da poluição dos nossos rios, dos furos de Aljezur, sem impactos ambientais, as preocupações com a proximidade de Almaraz e tantas outras situações a que o Sr. Ministro do Ambiente PS, faz vista grossa e vai escamoteando... 
    Pretendo ainda comentar o humor do Sr Deputado Pedro do Carmo, cuja boa disposição, tão comum em pessoas bem nutridas, mas que fez V. Exª chorar a rir. Lamento que a graçola tenha sido tão leviana, porque revela apenas a postura de um partido que deixa muito a desejar à ética e ao aprumo que o facto de ser Governo, lhe deveria dar.
    Para finalizar, pretendo ainda lembrar a V. Exª,  uma série de acontecimentos que vos deveriam tornar mais comedidos, como a ineficácia nos incêndios, Tancos, Processo Marquês, Serviço Nacional de Saúde, Educação, etc, etc, onde o PS, se inclui, mas que se vão arrastando nesta legislatura, sabe-se lá porquê. 
    Quanto aos outros 3 partidos que votam sempre contra todas as alternativas de tornar este país mais civilizado em relação à forma como os animais são usados para diversão e não só, dois deles, também terão poucas razões para aplaudir, ou humilhar seja quem for, dados os escândalos que os envolvem, enquanto o outro, já em desespero de causa, se vai agarrando a um meio rural abandonado, envelhecido, pouco esclarecido e inculto, na esperança de se manter com algum poder.
    Sem dúvida que esta ainda pequena liberdade de expressão que nos é permitida, é o que resta dessa Democracia que tanto enche as palavras gastas dos nossos governantes, mas pela parte que me toca, usá-la-ei com afinco, com a educação que recebi e o sentido crítico e a coragem que a vida tão generosamente me facultou. 

   Atenciosamente, 
       
     
      
     

terça-feira, 25 de setembro de 2018

LEPROSOS

   

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 Hoje veio-me à memória, um episódio insólito ocorrido há umas dezenas de anos, quando fiz dois anos de cooperação na Guiné Bissau. 

    O calor húmido convidava-nos a aproveitar o fresco das noites, na esplanada do Grande Hotel que de "grande", só tinha o nome, mas era lá que se reunia muita gente depois do jantar, antes que cortassem a luz, para um refresco e umas conversas à toa.


   Naquela noite, eu sentara-me com um colega do liceu, numa mesa de canto, para que ninguém ouvisse o que nos apetecia conspirar. 

   Falávamos do nosso Portugal há pouco tempo livre que contrastava com essa  Guiné independente, onde a democracia era uma miragem e a pobreza aumentava a olhos vistos, enquanto ia crescendo o pecúlio de entidades estrangeiras e dos seus governantes corruptos. 

   Nesse serão, a conversa foi interrompida por um guineense muito magro, de calças rotas arregaçadas que deixavam ver umas ligaduras sujas amarradas nas duas pernas. 

     Aproximou-se da nossa mesa e perguntou gentilmente, se lhe pagávamos uma cerveja. Puxámos uma cadeira e ele sentou-se satisfeito, contando que era de longe, mas que tinha vindo a Bissau, porque tinha precisado de tratamento hospitalar. 

   Quando, chegou a cerveja, bebeu de um só trago satisfeito, levantando-se em seguida e estendendo-nos a mão ossuda para um cumprimento demorado e amistoso, enquanto finalmente confessava que tinha fugido do hospital, porque o tinham levado para lá à força, depois de lhe ter sido diagnosticada Lepra.  

    Após o efusivo aperto de mão e logo que o homem se afastou, corremos cada um para sua casa, para um banho de álcool puro e roupa fervida. Ficámos depois a saber que se a Lepra  for seca, não é contagiosa, nem havia razão para tanto pânico, mesmo que não o fosse. 

    A razão de me ter recordado hoje deste episódio, passado há tantos anos, num país que me ficou no coração e ao qual prometi voltar, nem que seja por poucos dias, veio de um sentimento que há muito guardo e que me faz amar perdidamente essa África despojada de tudo, menos do seu encanto, da sua simplicidade, do cheiro a terra molhada e da generosidade do seu povo ingénuo, porque jamais houve interesse de o cultivar e menos ainda respeitar. 

     Hoje, vim aqui falar de um leproso que me apertou a mão e que hoje recordo com um sorriso carinhoso e emocionado, bem diferente desse sentimento que sinto pelos "leprosos" que vagueiam pelo meu país sem ligaduras, nem corpos magros de fome, mas cuja Lepra é mais contagiosa que a do guineense em fuga de um hospital abandonado e sem recursos de um país esquecido. 

     A razão pela qual fui buscar uma memória antiga para a comparar com a Lepra que grassa e corrói este meu país e este meu continente enfermo, faz-me arrepender profundamente não ter abraçado esse negro franzino de chagas cobertas por ligaduras imundas, porque vejo por aí abraços e afectos bem menos espontâneos e sinceros, dados por quem, sem sombra de vergonha, usa a Lepra do seu cérebro sujo, para manipular os incautos e os ignorantes, contagiando tudo à sua volta, minando a liberdade, a decência e alicerçando dia após dia, a ideia de uma democracia podre, da qual resta hoje apenas uma fugaz miragem... 

    Este não é o país do qual me orgulho, apenas porque me calhou ter nascido nele, mas se a África, é terceiro mundo, porque quem a colonizou e escravizou fez questão de desinvestir na cultura, na defesa das liberdades individuais e na educação das suas gentes, por cá a diferença não é tão grande, perante o laxismo e a impunidade que a cada passo nos agridem, bem como pelo atraso civilizacional a que muitas das nossas comunidades são votadas, com a conivência de uma religião que por cá impera, sem grande diferença das missões africanas que apenas prolongam, em grande parte dos casos, a submissão e a apatia dos rebanhos que só a fome reúne ao seu redor. 

    O meu encontro com a Lepra, fez-me analisar melhor o contexto que me cerca, as tradições repugnantes que se consentem, as heranças "culturais" que o álcool e a brutalidade das frustrações levam ao limite mais sórdido e essa classe política uniformizada que nos ultraja e cala, porque o povo é manso, tem medo e anestesiaram-no há muito, num faz de conta infame, lento e destruidor. 

     

     
        

domingo, 2 de setembro de 2018

OS APRENDIZES DA VIOLÊNCIA

   Impossível ficar indiferente num país onde há crianças que  são abusadas por um Estado que de direito nada tem!

   Impossível achar que uma criança pode ser retirada à sua família só porque ela não tem condições financeiras adequadas para a criar, ou porque alguém a denunciou por razões menos claras, enquanto outros, mais abastados, têm a liberdade de formatar os seus filhos com imoralidades que ninguém se atreve questionar.


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    No passado dia 9 de Agosto, três activistas invadiram pacificamente, a arena da praça de touros de Albufeira, durante uma tourada. Foi um acto de coragem que sem dúvida revelou a índole cruel de quem assiste a este imoral massacre,   resultando ainda num importante alerta sobre a crescente luta anti tourada em noticiários,  programas televisivos e milhares de comentários nas redes sociais, sobre a conduta dos cobardes aficionados que se sentem seguros quando agridem em grupo, pelas costas e sob o já bem conhecido olhar complacente da polícia, tanto na arena, conforme se vê, como depois, quando os arrastaram já algemados...

     
   Quem vai a estes "espectáculos", quer ver sangue, dor, sofrimento e até morte. Babam e excitam-se com a barbárie, mas não toleram que se mostre ou exponha publicamente a obscura realidade dos seus gostos  bárbaros, refugiando-se em agressões contra quem não se pode defender, justificando as suas posturas miseráveis com  argumentos batidos e refugiando-se nessa tradição bacoca, própria de consciências conturbadas, envoltas no esgoto fétido das suas tendências criminosas e bouçais...

       
     Até aqui, se não fosse a permissão vergonhosa da entrada de menores nestes espectáculos, desde que acompanhados pelos seus tutores irresponsáveis, a forma como iniciei deste texto, estaria desfasada, por criticar sem provas, esse tal abuso institucionalizado que um Estado sem direito, exerce sobre as suas crianças, mas é bom que todos saibam aquilo que ouvi da boca de um desses bravos activistas que deram a cara em Albufeira! 


     Um dos cavaleiros que torturou os touros no dia 9 de Agosto de 2018 em Albufeira, fez-se acompanhar da mulher e de dois filhos pequenos, talvez entre os 6 e 10 anos de idade, para que eles pudessem admirar desde pequenos a "valentia" de um pai que apesar de bem protegido pela montada que, como sobejamente sabemos, apara os golpes, enquanto o cavaleiro, como é hábito,  foge espavorido, quando as coisas correm mal...

    Após a entusiástica ovação do primeiro ferro, os activistas que aguardavam o momento de saltar para arena, por coincidência, aperceberam-se que os dois pequenos fãs ali do lado, eram os filhos do referido cavaleiro, acompanhados pela sua extremosa mamã.  
   Depois de umas "gloriosas" voltas do cavaleiro, o segundo ferro, penetrou no dorso do pobre touro, mas ao contrário do anterior, não sangrou copiosamente como seria de esperar. 
   Foi então que o rapazinho mais novo exclamou:


                 " Não deitou sangue!"


    É esta a educação que se transmite a uma criança!  
    É assim que se ensina que é bom e é preciso ver sangue para saciar o apetite de sadismo desde pequeno e é ainda assim que as  assalariadas das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens se calam, achando talvez que só os pobres devem ser referenciados, enquanto a outros, se permitem todas as barbaridades!


   Obrigada, amigo, por me ter contado este triste episódio que não me surpreendeu, mas que contribuiu para me deixar ainda mais revoltada com a falta de vergonha e a irresponsabilidade que singram neste nosso pobre país!      
         
       

     


sábado, 1 de setembro de 2018

A IGREJA DA INQUISIÇÃO

       O meu pai era ateu, mas apesar da sua maneira de ser ditatorial e difícil, conseguiu passar-me valores que na altura, rebelde como sempre fui, não aceitei, mas que hoje reconheço terem sido fundamentais para a minha formação. 



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   Quando nasci, não permitiu que me baptizassem e só muitos anos depois lhe confessei que em segredo, uma professora me levara à igreja para que o padre me livrasse desse tal "pecado original", cuja mancha, apesar de invisível, me causava tantos pesadelos, medo e vergonha.


   Eu era uma devota convicta e apesar de todas as proibições, cresci acreditando que ser católica faria de mim um ser melhor e mais protegido, mas enganei-me.


    Jamais seremos melhores sob o jugo de uma religião que nos ameaça com um imaginário inferno pior do que aquele que vivemos no dia a dia terreno!


   Tentei sempre justificar, aceitar e pacificar-me com Ele, mesmo quando me roubou uma filha, reconhecendo talvez que há seres perfeitos demais para este mundo e por isso, só vivem os que se ajeitam a este vai e vem de alegrias e dores, onde o mais primitivo instinto de defesa nos pressiona e obriga à sobrevivência!


    Há quem diga que só após a morte dos nossos progenitores, os conseguimos conhecer plenamente e acredito que sim, porque hoje reconheço, tal como meu  pai dizia que a Igreja Católica, não passa de uma poderosa multinacional que se alimenta da manipulação das massas, da exploração do medo, da dor dos mais vulneráveis e dos rendidos que não se questionam. 



   Os "vendilhões" fixaram-se despudoradamente nos templos, transformando a moral em negócio e a misericórdia em hipocrisia, porque Jesus morreu e não regressará mais para os expulsar e punir...



    A questão que aflige cada um de nós, talvez porque a nossa energia vital não reconhece nem o "vazio", nem o "nada", criou sempre no homem a necessidade de um Deus que lhes permitisse uma outra vida depois da morte física e cada um adoptou o seu ao longo dos tempos, conforme a comunidade a que pertencia, a sua morada geográfica, ou o líder incontestado que os soube aliciar, mas nem todos O conseguem reconhecer só à semelhança de uma roda gigante chamada Universo, para o qual somos apenas grãos de areia descartáveis de uma imensa praia apinhada de seres vivos de todas as cores e feitios.



   Não era minha intenção dissertar sobre religião, nem sobre a evolução das minhas crenças que certas ou erradas, são as que me restam, após uma vida de dúvidas e questões sem resposta, mas sem qualquer intenção de influenciar seja quem for, porque apenas uso a escrita como um desabafo que poderá ser sempre contestado.



    O que me fez hoje divagar sobre religião, foi talvez o "humilde" pedido de perdão de um Papa, nomeado em 2013, mas que só agora se lembrou de pedir desculpa pelos antigos e repetidos crimes de pedofilia, tão cuidadosamente encobertos pelo Vaticano, do qual ele é apenas um símbolo, ou mais um conivente, perante tantas evidências escabrosas que só agora  vieram à luz, sem permitirem mais silêncios nem esconderijos. 



    As grandes empresas ligadas ao catolicismo que se têm formado no nosso país, como o santuário de Fátima, ou outras de beneficência, como as Misericórdias e as múltiplas instituições de apoio social, têm sido alvo de inúmeros escândalos e investigações, cujos desfechos morrem quase sempre nas praias do esquecimento e da tolerância.


   Afasta-se um ou outro padre por comportamentos desviantes, mas a sua maioria é encoberta, porque a justiça esbarra em interesses maiores e as vítimas são imediatamente silenciadas ou descredibilizadas. 


    A promiscuidade entre a Igreja e os governos é flagrante e Portugal é tudo menos um país laico, porque nunca conseguiu, nem teve interesse de o ser,  com o descarado convívio entre  políticos, grandes empresários e altos representantes eclesiásticos em lojas maçónicas, ou mesmo em questionáveis reuniões Bildenberg .  


    O juramento de celibato dos alegados representantes de Deus na Terra não é mais que o sofisma encontrado para os colocar num pedestal de "pureza" que se desfaz a cada passo, porque desde as Cruzadas aos Descobrimentos, passando pelo esclavagismo e a Inquisição, apenas defenderam os seus próprios interesses, justificando as imoralidades praticadas com essa falsa noção de fé que os protege, revelando os seus instintos selvagens, dignos do tal Inferno que afinal parece que só existe para as suas vítimas amordaçadas... 


    A frustração que se verifica em muitos padres, privados dos devaneios cruéis de outros tempos, fez que direccionassem os seus instintos mais básicos e cruéis para os seres mais desprotegidos, como as crianças e os animais! 


    No santuário de Fátima, aconteceram há anos, as maiores atrocidades contra os cães que alguns "fiéis devotos" lá iam abandonar e que só quando vieram a público se deixaram de praticar, mas sem qualquer pudor, continuam-se hoje ainda a torturar touros nos adros das igrejas em festejos pagãos e se angariam fundos regados com o sangue dos animais esquartejados para diversão dos devotos alcoolizados e respectivos párocos.  


    São as Misericórdias, donas da maior parte das praças de touros portuguesas que patrocinam algo que há muito tempo o Vaticano deveria ter condenado, mas que nem as petições os demovem, porque a moral mora no esgoto das suas consciências criminosas e só emerge, quando há escândalo, ou é "o povo quem mais ordena", o que não acontece em países de fraca escolaridade, cultura e pobreza, governados por "fiéis devotos" hipócritas e vendidos que fazem questão de bater com a mão no peito nas missas e procissões para que os achem impolutos e generosos.


    A fé, para os que a têm, deveria comandar as suas condutas, com a responsabilidade dos seus actos para com o próximo, seja ele humano ou não, mas tornou-se um adereço, uma espécie de clube de futebol que se idolatra, mas cujos intervenientes são seres invisíveis a quem se metem cunhas e se pretendem corromper com Avé Marias, velas e peregrinações. 


    É por isso que formatei o meu Deus, sem lhe fazer pedidos e lhe permito que me guie, desde que nunca me roube a palavra e menos ainda, a lucidez!