quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CERCIBEJA - VERGONHA NACIONAL!

   As Cercis são instituições vocacionadas para cuidar, proteger, integrar e dar a autonomia possível a quem nasceu diferente. 


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   Hoje preciso de falar de crianças e jovens estigmatizados por aquilo a que alguns chamam "deficiência", mas cujo termo prefiro não utilizar, porque essa "deficiência", não existe neles, mas sim em quem não tem a sensibilidade para os compreender e amar.

   Fui professora durante muitos anos, lutando incansavelmente contra as limitações que me privaram muitas vezes de sonhar com uma escola diferente. 

   Fiz cooperação na Guiné Bissau pós independência e voltei incompleta e desiludida.     

  Poderá alguém aprender, quando tem fome? 

   

      Nos meus últimos anos de ensino, acharam-me capacitada para trabalhar com jovens excluídos. 

     Muitos, sofriam de abandono, maus tratos, problemas de aprendizagem e os outros, das tais "deficiências" que são a razão pela qual hoje aqui escrevo.  

      A responsabilidade de chegar a seres fechados do mundo que os rodeia (autistas) ou com Down, é gigantesca, mas gostei e creio ter feito o meu melhor, porque consegui até que dois cegos tirassem boas notas em Educação Visual, com as loucas técnicas que inventei ou não, para que eles sentissem menos o que os distinguia dos outros.

     Mais recentemente, tive oportunidade de contactar no Reino Unido, com dois centros para jovens diferentes que seguem outros métodos bem distintos dos nossos (Rudolph Steiner).
    Minha filha formou-se e trabalhou por lá algum tempo, mas nem o tempo nem a disponibilidade me chegaram para aprofundar muito essa pedagogia que sem dúvida ultrapassa o "deficiente coitadinho" que por cá se vê.

   Sem sombra de dúvida, o que se vê por cá e neste caso, na Cercibeja, é a brutalidade de uma instituição composta por mercenários egoístas, despreparados e cruéis que agridem a sensibilidade de quem lhes paga as contas, organizando espectáculos degradantes como as touradas, para manipular os cérebros já de si conturbados dos seus educandos. 

    A fragilidade de seres como os que frequentam uma Cerci, não pode jamais ser compatível com tais espectáculos e exibir essas crianças e jovens, como "animais amestrados e submissos", é um atentado ao respeito pelas suas sensibilidades, direitos e estabilidade emocional. 
  
    Um país preocupado com a integração social de todos, jamais deveria sequer admitir tal bouçalidade e quem conhece o íntimo desses jovens, ou se preocupa com o seu bem estar, sabe bem que em muitos deles vive a revolta da incompreensão, o desejo de serem aceites socialmente e a estabilidade que os faça sonhar com um mundo de paz, amor e confiança.

    Para os pais desses jovens desprotegidos e atraiçoados, o meu pesar, porque decerto "despejaram" os seus educandos numa instituição medíocre, sem ética e que apenas serve para os livrar de filhos indesejados.

     Para a Cercibeja, o meu mais profundo repúdio, porque quem a dirige, não merece sequer o ar que respira e menos ainda o cargo que tão desgraçadamente ocupa.