quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A Degradação de uma Espécie!


                                                                                                    Resultado de imagem para CRIANÇAS EM GUERRA

                                           Ah, como eu queria ser capaz de definir o que me vai na alma, quando vejo o olhar suplicante  de uma criança perdida!                                                                                               



   

Ah, como eu queria ser capaz de explicar o que me fere por dentro, quando vejo um animal sofredor sem apelo nem queixas!


Ah, como eu queria debandar deste mundo cruel e incompreensível e como desejaria ser apenas a pedra que rola no leito de um riacho tranquilo!


Ah, como eu queria saber definir esse sentimento que me faz penetrar em corpo alheio e sentir as dores que não são minhas!


 Nem todos conseguem carregar nos ombros a sombria culpa dos erros deste mundo!
 Nem todos conseguem achar que o facto de serem humanos, os deve colocar de espada em riste, perante as indignidades que consentem!
 Nem todos conseguem sofrer por quem sofre, invadindo-lhes o corpo, as entranhas e navegando em cérebros alheios como se fossem os seus...
 Nem todos conseguem sentir na pele o que é ser menino no meio de uma guerra inexplicável de adultos!
 Nem todos conseguem sentir na pele o que é o abandono, a fome, as feridas por sarar e a destruição da Terra.
 Nem todos conseguem sentir o que um animal sente ao ser torturado, porque poucos lhe sabem ler o olhar.                                      

  Todos sabem, mas só alguns sentem...


                                   Resultado de imagem para animais torturados


Todos sabem que há guerras e meninos que vagueiam neste mundo sem colo, mas preferem achar que nem todos são iguais.

 Todos sabem, mas deveriam saber também que o seu alheamento, os tornará menos gente...

 Todos sabem que o animal, cujos pedaços saboreiam, passou por um holocausto infernal.

 Todos sabem que viver atrás de grades, deveria ser para quem expia culpas e não para a ave engaiolada, o golfinho amestrado, o leão do zoo, ou o elefante do circo.

 Todos sabem como deve sofrer o touro na arena, mas o sangrento gozo, não lhes permite um lapso de vislumbre das suas dores, nem a vergonha de as aplaudir ...

  Todos sabem que as peles que usam, ou os sapatos que calçam, deveriam trazer anexada uma etiqueta de morte, mas a luxúria arranca-a, mesmo antes de ter sido concebida...

  Todos sabem que matar o próximo é condenável, só não conseguiram ainda entender que basta viver e sentir, para se ser nosso "próximo"...

 Todos sabem, mas não reparam, porque são cruelmente omissos e egoístas.

 Todos sabem, mas não reparam, porque deveriam ter nascido rochedos batidos pelas ondas do mar e não gente, porque a dignidade mora na ética e não no perverso esquecimento e nos argumentos vazios...


  

domingo, 2 de outubro de 2016

Portugal dos pequeninos

       PORTUGAL  DOS PEQUENINOS


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Somos um país de turistas, de pobreza envergonhada e de sobreviventes subservientes!



   Somos aqueles que até a língua se confunde com o espanhol para quem nos visita, aqueles que recebem  bem, bajulam e se derretem.
  Somos o país onde se confunde a verdadeira Cultura com "tradições"selvagens, na triste ilusão de que isso nos poderá trazer o respeito e a grandeza que se foi perdendo ao longo dos séculos!

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    Somos o Portugal saudosista no romantismo de Sintra , manchada pelo revivalismo obsoleto das suas charretes ultrapassadas, puxadas por cavalos exaustos, sequiosos e fracos e de um Município pouco esclarecido que se preocupa mais com o fardamento dos cocheiros, do que com a degradante imagem que a sua falta de ética, dá ao mundo.


   Somos o "Portugal dos pequeninos", porque a pequenez de quem manda, reside ainda num passado de ignorância, de desvario e insensibilidade!


   Sintra de Bayron, o poeta irreverente que parece ter adivinhado os pensamentos mais íntimos dos muitos Presidentes de Câmara atrapalhados deste país, com esta frase genial: 


  " Sabemos tão pouco do que estamos a fazer neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida..."


        Talvez tivessem existido muitas dúvidas no poeta e também na Câmara de Sintra, mas o que aqui importa, é que esta visão dantesca, para gente esclarecida, de pobres cavalos abusados e mal tratados, aguardando ao sol a clientela para "passeios românticos" que os obrigarão a esforços e sacrifícios injustos, não pode ser senão, a etiqueta manchada de quem não sabe, ou tem medo de transformar as suas dúvidas, na gritante evidência das certezas...