sábado, 18 de novembro de 2017

MATANÇA DO PORCO?

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 Poderá o sofrimento ser motivo de festa? 

    

 


                                                       
      




                  

    Como é possível sujeitar pela força um ser vivo, cravar-lhe o ferro gélido no peito e ser alheio aos seus gritos de horror, enquanto o sangue jorra e a vida se lhe escapa lentamente?

  Que festa de algozes é esta e que prazer mórbido haverá em esquartejar carnes ainda quentes, retirar-lhe as entranhas escorregadias e cortar em pedaços um ser que minutos antes, clamava ainda inocentemente pelo seu direito à vida, neste mundo tão manchado de injustiças?

  Que tipo de gente é esta que assiste ao horror desta sangria e se lambuza depois com os restos mortais de um pobre condenado à morte, cuja sina lhe foi traçada à nascença?

  Quem terá sido o Criador que catalogou as espécies e que mais questões sem respostas poderei eu fazer, se não há nenhum Deus com competência para me elucidar? 

  Alguém se terá perguntado o que sente um condenado à morte quando sobe ao cadafalso? 
  Será que o carniceiro o olha nos olhos, ou o supremo prazer de matar e a satisfação da gula o deixam cego e surdo?


   Como a maioria dos humanos, fui criada com carne, porque  quando se é criança, ninguém nos diz que o que está no nosso prato é um pedaço de um animal igualzinho aos dos livros infantis. Achamos que os peixes e as vaquinhas são felizes, os pintainhos e os coelhos vivem nos chocolates da Páscoa, os perus festejam o Natal e os porquinhos têm um parente que até fez o filme que um dia nos levaram a ver.

    Segui essa "tradição" falaciosa com os meus filhos quando ainda eram pequenos, fazendo contudo essa ainda tão "normal" e injusta distinção entre espécies... 


   Hoje peço desculpa e pesa-me na consciência,  não ter ido a tempo de lhes ter dito a verdade...


  A consciência é algo que se deve alimentar com afinco, mas a sociedade atraiçoa-a a cada passo com palavras que nos confundem as ideias, nos mostram realidades fictícias, mascaradas de obsoletas tradições, mas como o tempo nos dá a chance de aprimorar os sentimentos, porque não ouvi-los e respeitá-los?

  Jamais essa coerência que um dia se assumiu, poderá ser ultrajada sequer por um breve segundo, porque serão os nossos mais íntimos sentimentos que ficarão em jogo! 



  Queria eu conseguir encontrar as palavras que descrevem o que sinto por dentro, quando entro no íntimo de um animal que caminha assustado para o abate!  

  Queria eu poder infectar o mundo com essa compaixão que tão pouco existe, mas sou apenas um "eu" à deriva num mundo hipócrita onde não me encaixo...