sábado, 18 de novembro de 2017

MATANÇA DO PORCO?

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 Poderá o sofrimento ser motivo de festa? 

    

 


                                                       
      




                  

    Como é possível sujeitar pela força um ser vivo, cravar-lhe o ferro gélido no peito e ser alheio aos seus gritos de horror, enquanto o sangue jorra e a vida se lhe escapa lentamente?

  Que festa de algozes é esta e que prazer mórbido haverá em esquartejar carnes ainda quentes, retirar-lhe as entranhas escorregadias e cortar em pedaços um ser que minutos antes, clamava ainda inocentemente pelo seu direito à vida, neste mundo tão manchado de injustiças?

  Que tipo de gente é esta que assiste ao horror desta sangria e se lambuza depois com os restos mortais de um pobre condenado à morte, cuja sina lhe foi traçada à nascença?

  Quem terá sido o Criador que catalogou as espécies e que mais questões sem respostas poderei eu fazer, se não há nenhum Deus com competência para me elucidar? 

  Alguém se terá perguntado o que sente um condenado à morte quando sobe ao cadafalso? 
  Será que o carniceiro o olha nos olhos, ou o supremo prazer de matar e a satisfação da gula o deixam cego e surdo?


   Como a maioria dos humanos, fui criada com carne, porque  quando se é criança, ninguém nos diz que o que está no nosso prato é um pedaço de um animal igualzinho aos dos livros infantis. Achamos que os peixes e as vaquinhas são felizes, os pintainhos e os coelhos vivem nos chocolates da Páscoa, os perus festejam o Natal e os porquinhos têm um parente que até fez o filme que um dia nos levaram a ver.

    Segui essa "tradição" falaciosa com os meus filhos quando ainda eram pequenos, fazendo contudo essa ainda tão "normal" e injusta distinção entre espécies... 


   Hoje peço desculpa e pesa-me na consciência,  não ter ido a tempo de lhes ter dito a verdade...


  A consciência é algo que se deve alimentar com afinco, mas a sociedade atraiçoa-a a cada passo com palavras que nos confundem as ideias, nos mostram realidades fictícias, mascaradas de obsoletas tradições, mas como o tempo nos dá a chance de aprimorar os sentimentos, porque não ouvi-los e respeitá-los?

  Jamais essa coerência que um dia se assumiu, poderá ser ultrajada sequer por um breve segundo, porque serão os nossos mais íntimos sentimentos que ficarão em jogo! 



  Queria eu conseguir encontrar as palavras que descrevem o que sinto por dentro, quando entro no íntimo de um animal que caminha assustado para o abate!  

  Queria eu poder infectar o mundo com essa compaixão que tão pouco existe, mas sou apenas um "eu" à deriva num mundo hipócrita onde não me encaixo...

     
    

    

                 

   

     

  

    
    

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

QUANDO UM TACHO ENGOLE A ÉTICA


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   O descrédito às boas intenções de quem detém o poder, é o que nos resta neste país rendido aos interesses mais sórdidos!

  A manipulação dos desprevenidos, é hoje a arma desses aconchegados de garras afiadas a qualquer tacho que lhes dê protagonismo com a ajuda da mais suja utilização de argumentos facilmente derrubados por quem não se deixa levar em cantigas, não se vende e nada tem a perder. 

   Nada ter a perder, significa viver à margem desse sistema instituído que transmuta os princípios mais básicos da moral e do respeito ao próximo, mesmo que esse "próximo" seja de outra espécie. 

    Escravizam-se as mentalidades humanas, no intuito de se poderem aniquilar "ética" e "misericordiosamente" outras vidas!  

    Vestem-se com asas angelicas os abutres que trabalham na sombra sob a capa de heróis e os negócios tomam proporções de poderosos  gigantes.   À decadente e ultrajada democracia, calça-se o silêncio que a prepotência exige, porque o povo é sereno e nada contesta desde que haja churrasco e futebol...
   Multiplicam-se os cargos, os peritos e as consultas de faz de conta para sustentar os a
migos, como se qualquer canudo feito à custa de sebentas decoradas lhes conseguisse dar  a devida competência para um exercício digno e  honesto.

    
    As "pragas" são hoje os alvos a abater e os pombos que antes eram de paz, tornaram-se inimigos públicos e ameaças perigosas!

    Ah, como eu gostava de poder abater outras "pragas" queimando-as nesses incêndios  permitidos e tão engenhosamente mascarados de catástrofes naturais...

    Ah, como eu gostava de poder limpar este meu país de tantas práticas cruéis e políticos trafulhas...

     Ah, como eu queria partir deste mundo sabendo que o meu povo não mais viveria anestesiado por palavras falsas e que poderia abrir finalmente os olhos para a ética, sem ser constantemente agredido...

    Infelizmente, há anestesias das quais custa despertar, porque nem todos conseguem abrir os olhos e pôr em causa as "boas intenções" de quem os enganou nas urnas. 


    O maior problema da minha vida que poderia ser pacata se a minha visão ao longe não fosse tão eficaz, é ter a percepção do que está para chegar e o que se prepara com a conivência de quem é pago para defender, neste caso concreto, os animais da nossa capital, mas que justifica o uso de falcões cativos e treinados para matar muito além do seu apetite, é sem dúvida revoltante! 

  

    Imaginar sequer que na capital de um país que se proclama civilizado, se poderão encontrar aqui e ali, aves mutiladas na via pública, como aconteceu com as gaivotas num certo hotel algarvio, é algo que me parece de tal forma imoral que só mentes perversas o poderão aceitar. 

    
    Como é possível que uma "Provedoria dos Animais de Lisboa", paga por todos nós, admita sequer a existência de tais "eventos" macabros?


    Será que as aves caçadas e os seus pedaços podres largados em varandas e telhados, trazem etiqueta de "pragas", ou se atingem outras espécies que já vão sendo raras nos nossos céus, como certas rolas que agora mal se vêem? 



    Chega de barbaridades, senhores poderosos,  porque os pesados impostos que pagamos, já alimentam incompetentes que chegam!   

    

      
     

    
      

sábado, 14 de outubro de 2017


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Análise ao comentário  do Presidente do Concelho de Administração da RTP:




"Gonçalo ReisOctober 12 at 7:50pmLisbonFaço questão de ir à corrida de toiros da Casa do Pessoal da RTP no Campo Pequeno. Antes de estar à frente da RTP não ia a touradas, não sou aficionado e confesso que passo metade do tempo a fazer perguntas básicas para o lado sobre o que se passa na arena. Mas também sei que há que valorizar o património e as tradições; que há que dar espaço à diversidade das preferências dos públicos; que há que promover o país descentralizado e os ambientes não urbanos; que devemos ter presentes as posições sucessivas da ERC e da Assembleia da República no sentido de assegurar graus de liberdade na programação e divulgação das várias manifestações da sociedade; que, como diz o Sérgio Sousa Pinto, os bilhetes das touradas são caros e os cidadãos têm o direito de as ver na TV em aberto.
De facto, as minhas preferências pessoais são outras, mas assim como defendo que os amantes de artes plásticas merecem tê-las na RTP, também acho que cabe à RTP ser plural na programação, agindo com tolerância e cobrindo os interesses dos vários públicos."


    Não me apetece aqui gastar mais latim com a defesa dos touros e cavalos explorados e usados na tauromaquia. 

   São muitos os que o fazem e aos quais me junto com orgulho, sempre que as notícias destas aberrações surgem, mas hoje não me apetece falar desses animais, mas sim analisar a escrita de um certo animal que se acha racional, mas que é de longe mais limitado de inteligência do que os outros. 

     Sem sombra de dúvida, quando li o texto do Sr. Gonçalo Reis, achei estranho que tivesse sido assinado por ele, porque pensei tratar-se de um relatório psicológico sobre a total ausência e abandalhamento de personalidade de um cliente deprimido com necessidades prementes de acompanhamento profissional continuado. 


    Há certas pessoas neste mundo de tristes tendências que deviam pensar duas vezes antes de exibirem publicamente a miséria contraditória em que subsistem, porque são apenas folhas mortas caídas da árvore da decadência que rastejam pelo chão com o vento de um lado para o outro, conforme ele sopra, mas quando por qualquer fenómeno meteorológico, se conseguem erguer uns centímetros acima do solo lamacento, acham de imediato que ressuscitaram e que finalmente ganharam importância!

     

    Neste país em que a competência se substitui pela conveniência e onde se acham aos pontapés os protagonistas adequados aos cargos certos, escolhidos não pelas suas capacidades intelectuais, nem pela coerência ou seriedade com que as desempenham, mas sim pela baixeza do temperamento trafulha, na predisposição de absoluta concordância e bajulação perante a defesa acérrima dos tachos que receberam, graças às suas posturas natas de bons alunos submissos e cumpridores das ordens que recebem, mas sem que no entanto a inteligência exista questionar seja o que for, nesse vai e vem onde se confundem a si mesmos, mas no qual se ajeitam, ao mesmo tempo que se tornam peças decorativas e perfeitos paus mandados sempre disponíveis para toda a obra...


     Parabéns, Sr. Gonçalo Reis por ter conseguido vender a alma ao diabo, enquanto desrespeita os já pouco ingénuos assalariados que só por obrigação e sem possível fuga, o sustentam!


    Valeu-lhe essa sua falta de personalidade proveniente de qualquer distúrbio afectivo que o acabou por lançar na ribalta, para que o possamos criticar sem possível equívoco, porque se lhe são   "assegurados graus de liberdade de programação", a que lobbie precisa então o senhor de agradar, quando tem o descaramento de comparar esses espectáculos bárbaros que transmite, com a nobreza das "artes plásticas", sobre as quais poderei falar com pleno direito e conhecimento, visto estar integrada nelas?

    Decerto o curso que o senhor tirou, possivelmente como esses que alguns políticos tiraram por aí ao fim de semana, não lhe dará o direito de julgar nem aquele que tirei, nem o de muitos que hoje os tiram com esforço e trabalho, para injustamente ficarem depois no desemprego...

    Mais uma vez reafirmo que apesar de tudo o que aqui afirmei, o admiro por ter conseguido definir de forma tão sábia, a sujeira em que muitas empresas públicas se movimentam, se vão sustentando e sobrevivendo à custa de gente como o senhor se auto declarou. 
    Confesso igualmente que não consegui ainda entender a forma irónica  como descreve a sua imagem e postura, perante uma arena com animais a sangrar, enquanto as "inteligências" que o senhor bajula aplaudem. Se não fosse o contexto em que o seu relato foi inserido, quase me faria rir, ao imaginar a figura ridícula a que se prestou, tentando interpretar algo de tão básico que só um ser de tão fracos recursos cognitivos, sentiria serem dignos de qualquer douto entendimento... 

    Felizmente, a época das touradas lisboetas acabou finalmente este ano, mas o único sacrifício que desejo que o senhor tenha que fazer para o próximo, seja o de continuar a ouvir as críticas de quem deseja viver num país mais culto e sem essas "tradições" impróprias de gente civilizada, mas confesso que aplaudiria ainda com maior gosto, se o visse  de malas feitas para um lugar mais adaptado às suas débeis competências e onde não tivesse assim tanta necessidade de dobrar a espinha para se aguentar no poleiro... 
     

       

       


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

CARTA AO PRESIDENTE


Exmo  Sr Presidente da República, 

                   Professor Dr Marcelo Rebelo de Sousa

              Excelência

  Solicitaram-me através das redes sociais que escrevesse a V Exª antes de hoje, dia em que haverá mais uma tourada, à qual V. Exª foi convidado, mas preferi esperar para ver e para que a minha "veia contestatária" tomasse depois o devido fôlego. 
   Felizmente, não pela RTP que não vejo, mas pelas redes sociais, soube que V Exª não esteve presente no Campo Pequeno e isso deixou-me um bocadinho mais bem disposta, mas se escrevi apenas "um bocadinho", é porque os anos que já vivi, tiveram o condão de me fazerem menos naif do que já fui... 
   Conforme escrevi uma vez sem ter obtido resposta, não votei em V Exª, nem penso alguma vez votar, porque há certos afectos que me cheiram um pouco a esturro. 
    Infelizmente, uma lesão num pé, não permitiu a minha presença hoje no Campo Pequeno ao lado dos meus companheiros, a quem a polícia, seguindo ordens superiores, empilha atrás de grades, como se fossem feras perigosas, ou mercenários terroristas.
   Choca-me profundamente que num país europeu, uma manifestação pacífica incomode tanto quem de pacífico tão pouco tem e é por isso que nas minhas noites de insónia, quando os pensamentos se colam ao tecto aguardando o sono, este conceito de democracia à portuguesa, me perturba tanto...


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     Meu pai era ateu! 

  Eu não sei bem o que sou, mas uma coisa é certa, Sr. Presidente, apesar de ateu, ele soube ensinar-me que não existem raças, crenças, diferenças, tendências nem espécies inferiores a mim e por isso, acredito que o seu ateísmo era mais Cristão que a "fé" de quem vai à missa e se curva perante o corpo que sangra na cruz . 

   Li algures que V Exª não se impressionou com a morte e a sangria dos touros que viu matar em Espanha, mas não precisa ir tão longe, porque por cá há certas excepções que lhe devem agradar, embora destoem com o cargo que V Exª ocupa, mas já agora, permita-me uma questão:
  Onde ficam os afectos perante a barbaridade do sofrimento de um ser senciente chamado para uma "luta" que não quis e que no final lhe custa a vida?
   Se me disserem que enfrentar um bovino assustado, cuja única reacção de fuga lhe é travada pela redondez do recinto e pela vã tentativa de busca de um qualquer canto que o proteja, mas onde apenas lhe resta o medo que lhe quebra a pacata mansidão da lezíria, nesse derradeiro farrapo de força, chamado instinto de defesa, ou de sobrevivência que se debate entre o ruído da assistência, a música que lhe abafa os rugidos de dor e o sangue que lhe queima o corpo, é uma luta igual, talvez eu ache mais justo um combate de boxe, onde os "artistas" lutam com as mesmas armas e em perfeita consciência. 

    Senhor Presidente, não consigo enquadrar qualquer espectáculo onde os intervenientes não sejam da mesma espécie e não actuem de livre vontade e isso remete-me a outras épocas, com tradições horrendas que apenas figuram hoje nos compêndios de História, como símbolos de selvajaria e atraso civilizacional. 
    Se o futebol é hoje um desporto tão apreciado, há mais de três mil anos era um jogo de morte para o vencedor do jogo da bola dos Maias, onde a crença num Além compensatório e heróico, o fazia aceitar com agrado esse previsível destino, o que revela bem como a evolução da espécie humana tem sido lenta, poupando hoje os da sua espécie, mas condenando e divertindo-se com a tortura e morte das outras, talvez porque a altivez de se sentir humano, lhes aniquile a consciência e persista ainda esse tal gozo de escravizar o próximo, sem conseguir sequer vestir-lhe a pele e sentir-lhe as penas, por breves momentos... 

    Este foi mais um daqueles desabafos que me confortam a alma, mas como sou teimosa e de ideias feitas, nada nem ninguém me fará alterar a prosa, porque quem como eu conseguiu ser livre a pulso, numa época em que poucas mulheres o conseguiram, não "há cavalo que me derrube" e embora eu rejeite, como é óbvio que algum "asno me carregue", como quis a Inês Pereira da farsa de Gil Vicente, continuarei alerta contra tudo e todos, na defesa desses sagrados valores que tantos ainda atraiçoam sem pejo ... 

Com os meus respeitosos cumprimentos,
    

domingo, 8 de outubro de 2017

A SELVAJARIA À LUZ DA CEGUEIRA


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    Um país, onde a instaurada hipocrisia pretende convencer os mais incautos de que essa tal "tradição cultural" a que se chama tourada, é tão inocente e humana que nem a morte do touro na arena se consente (salvo algumas excepções) e onde ainda se legisla ironicamente essa "arte"de torturar, através de um Regulamento dos Espectáculos Tauromáquicos (RET), ao qual se terão retirado posteriormente algumas páginas para substituírem o papel higiénico em algumas repartições públicas e até ministérios, cujas insuficientes verbas se canalizam para a sedenta e decrépita indústria tauromáquica em detrimento da higiene íntima dos seus funcionários, não se poderá decerto considerar civilizado... 


    Na verdade, a higiene ética e mental de quem tem o dever de vigiar e autorizar estes eventos, não deve ser grande coisa, pois não enxergam bem quando faltam os licenciamentos, as entradas abusivas de crianças de colo, conforme as fotos, vídeos e comentários que circulam na Internet, bem como a falta de condições referidas no citado  regulamento, sobretudo em algumas praças amovíveis, com os animais sedentos contidos durante longas horas em camiões ou contentores debaixo das altas temperaturas de Verão e depois de feridos e em sofrimento, aguardando penosamente durante a longa espera pelo matadouro que em muitos casos encerra aos domingos, ou funciona a meio gás e onde muitas vezes acabam por chegar moribundos ou mortos...
   
   Ora como não há muito tempo, em resposta a mais um dos meus alertas, a DGAV me solicitou candidamente detalhes sobre o que escrevi, "para serem averiguados", aqui vai o que solicitaram e que ilustra na perfeição a incúria e o compadrio que se verificam nas actuações tanto da Direcção Geral de Veterinária como da Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC) que se dobram perante os interesses instalados dos lobbies tauromáquicos que apesar de estarem já em avançada decomposição, ainda são protegidos pela tutela e abençoados pela Igreja.  

   Há quem ache que o que se passa fora das arenas fica apenas por lá e não chega ao conhecimento publico, mas nem sempre isso acontece e o que se viu este ano, sobre o que sucedeu em Vila Franca de Xira e não só, ultrapassa todos os limites da decência, se é que ela alguma vez existe em tudo o que envolve a tauromaquia. 

     

    Em Vila Franca de Xira, os festejos são de  violência e pancadaria, mostrando ao mundo a insanidade das suas gentes alcoolizadas e a  conivência das autoridades na infame e indigna tortura de touros e cavalos! 


   Antes do início de um espectáculo, um touro foi estrangulado nos curros com cordas!
   Parece que o animal era "sobrero", expressão que até à data eu desconhecia, mas que me foi depois explicada como sendo própria de um touro suplente que pelo facto de ser menos jovem, poderia ser mais imprevisível ou até mais bravo, o que terá talvez assustado algum "artista" menos afoito que se sentiu bem mais tranquilo com a sua morte atrás das tábuas do que no matadouro, não fosse o diabo tecê-las e o bicho sair-lhe na rifa...   
    Será que o veterinário de serviço presenciou a atrocidade, ou veio só depois declarar o óbito por causas naturais com medo de represálias? 
    É que pelos vistos, tanto em Vila Franca de Xira, como em outras paragens, as "cegueiras" são de tal forma frequentes que tapam  até a justiça, pois na tourada de 5 de Outubro deste ano, o veterinário também não viu que um dos touros era cego de um olho e mandou-o para a arena, onde a sua fraca performance mereceu um "castigo" bem mais severo do que o do doutor  miúpe, cuja simples presença bastou, para que os nossos impostos lhe financiassem o jantar.  

   Infelizmente, quem pagou as favas foi o touro, com dois pares de bandarilhas negras no lombo, com quase o dobro do tamanho do arpão das outras, porque apenas teve a pouca sorte de ser cego e não divertir convenientemente os algozes da assistência. 
    Perante isto e porque está escrito que este tipo de artefacto de tortura, é proibido em Portugal, o que fazia lá a fiscalização do Igac e o tal  "competente" veterinário?
   Será que também não viram, tiveram medo de se manifestar, ou já estavam também com a vista turva? 


  Onde moram as vossas responsabilidades?          Como é possível que se permitam tais atrocidades e atropelos em nome de uma "cultura"bárbara que apenas subsiste na ignorância do povo e nas lixeiras imundas ávidas de sangue de certas sociedades doentias e atrasadas?                                                               Quem são estes nossos governantes e órgãos públicos que financiam e compactuam com tamanha boçalidade?



     SERÁ ESTE UM PAÍS CIVILIZADO ONDE AS LEIS SE CUMPREM E A  NOÇÃO DE CULTURA É VISTA COMO MERECE?               

      

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CERCIBEJA - VERGONHA NACIONAL!

   As Cercis são instituições vocacionadas para cuidar, proteger, integrar e dar a autonomia possível a quem nasceu diferente. 


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   Hoje preciso de falar de crianças e jovens estigmatizados por aquilo a que alguns chamam "deficiência", mas cujo termo prefiro não utilizar, porque essa "deficiência", não existe neles, mas sim em quem não tem a sensibilidade para os compreender e amar.

   Fui professora durante muitos anos, lutando incansavelmente contra as limitações que me privaram muitas vezes de sonhar com uma escola diferente. 

   Fiz cooperação na Guiné Bissau pós independência e voltei incompleta e desiludida.     

  Poderá alguém aprender, quando tem fome? 

   

      Nos meus últimos anos de ensino, acharam-me capacitada para trabalhar com jovens excluídos. 

     Muitos, sofriam de abandono, maus tratos, problemas de aprendizagem e os outros, das tais "deficiências" que são a razão pela qual hoje aqui escrevo.  

      A responsabilidade de chegar a seres fechados do mundo que os rodeia (autistas) ou com Down, é gigantesca, mas gostei e creio ter feito o meu melhor, porque consegui até que dois cegos tirassem boas notas em Educação Visual, com as loucas técnicas que inventei ou não, para que eles sentissem menos o que os distinguia dos outros.

     Mais recentemente, tive oportunidade de contactar no Reino Unido, com dois centros para jovens diferentes que seguem outros métodos bem distintos dos nossos (Rudolph Steiner).
    Minha filha formou-se e trabalhou por lá algum tempo, mas nem o tempo nem a disponibilidade me chegaram para aprofundar muito essa pedagogia que sem dúvida ultrapassa o "deficiente coitadinho" que por cá se vê.

   Sem sombra de dúvida, o que se vê por cá e neste caso, na Cercibeja, é a brutalidade de uma instituição composta por mercenários egoístas, despreparados e cruéis que agridem a sensibilidade de quem lhes paga as contas, organizando espectáculos degradantes como as touradas, para manipular os cérebros já de si conturbados dos seus educandos. 

    A fragilidade de seres como os que frequentam uma Cerci, não pode jamais ser compatível com tais espectáculos e exibir essas crianças e jovens, como "animais amestrados e submissos", é um atentado ao respeito pelas suas sensibilidades, direitos e estabilidade emocional. 
  
    Um país preocupado com a integração social de todos, jamais deveria sequer admitir tal bouçalidade e quem conhece o íntimo desses jovens, ou se preocupa com o seu bem estar, sabe bem que em muitos deles vive a revolta da incompreensão, o desejo de serem aceites socialmente e a estabilidade que os faça sonhar com um mundo de paz, amor e confiança.

    Para os pais desses jovens desprotegidos e atraiçoados, o meu pesar, porque decerto "despejaram" os seus educandos numa instituição medíocre, sem ética e que apenas serve para os livrar de filhos indesejados.

     Para a Cercibeja, o meu mais profundo repúdio, porque quem a dirige, não merece sequer o ar que respira e menos ainda o cargo que tão desgraçadamente ocupa.   

     

     
    

       

      

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

SER PASSIVO À CRUELDADE?


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   Quem se acha evoluído, jamais poderá não sentir pressa...



     Se o já gasto ditado por vezes usado por alguns que se dizem anti-tourada, de que "Roma e Pavia não se fizeram num dia" lhes chega para sossegar o conformismo, aplaudindo a performance de vermes humanos com demonstrações patéticas em arenas sem ferros, ou em pegas de caras, de cernelha, largadas e outras demonstrações ridículas que apenas convencem de falaciosa inocência os omissos que passam mais ao largo do stress e do sofrimento alheio, aguardando no seu conforto que a abolição das touradas aconteça através de quem luta e se manifesta incansavelmente, dando a cara sem medo, abordando e exigindo explicações a quem de direito e gritando bem alto a sua revolta, jamais poderá contribuir para que os animais sujeitos a estas práticas aberrantes, deixem de ser abusados, ou  possam esperar que a incoerente complacência de muitos, se transforme algum dia em activismo.   

      

    Qualquer espectáculo que inclua animais é, por si só, um acto bárbaro e indigno e quem o apoiar, ou simplesmente admitir, é conivente com a falsidade dos argumentos que o classifica como tradicional, artístico e até pedagógico. 


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   Das acrobacias cretenses sobre bovinos, desvirtuadas mais tarde em práticas bem mais cruéis, implantadas em alguns países europeus que posteriormente as proibiram, subsistem ainda as práticas tauromáquicas, no sul de França, Espanha e Portugal.



    Com as migrações saídas destes dois últimos para as Américas, compostas por  comunidades pouco alfabetizadas e bouçais, os espectáculos tauromáquicos, entraram nesse continente, mas se por lá, o dorso dos touros é protegido, para que não sangre com os ferros, a violência está bem patente na frustração da assistência sanguinária que contrasta com a contestação e os protestos dos americanos mais esclarecidos, em manifestações no exterior dos recintos.

   

      Os portugueses do continente, respaldados por uma fé fictícia e a ambição que o seu escasso território, virado para o mar lhes negava, bem como os seus compatriotas açorianos, tornaram-se quase gente importante noutras terras, levando com eles a língua e o dialecto, mas também a cega ambição de singrar na vida e a saudade das suas terras, alicerçada em tradições obsoletas e grotescas, próprias de uma escolaridade rudimentar e do eterno atraso em que cresceram. 



    São esses descendentes de açorianos incultos e bouçais que se adaptaram como peixes na água nos estados hoje chamados Sta Catarina e Rio Grande do Sul e de cujas ilhas, Pico, Faial e mais tarde da Terceira, entreposto comercial das naus que transportavam as riquezas extorquidas nas Américas que muitos partiram, habituados à criação de gado, à miséria, aos cataclismos naturais e ao trabalho braçal que levaram para o Brasil a "Farra do Boi" e outras práticas de maltrato animal, hoje consideradas bárbaras e inadmissíveis, mas que subsistem apesar das proibições locais. 


     Erradicar a violência, seja ela qual for e de que forma for exercida, deveria ser incumbência de quem se diz evoluído, mas essa mini evolução, passa geralmente pela aceitação comodista de qualquer prática de ocasião e pela crítica a quem a contesta.



    Os espectáculos tauromáquicos que ao longo de cerca de 300 anos da nossa história, sofreram avanços e recuos, com a bula papal do Papa Pio V no século XVI apenas cumprida durante o curto reinado do Cardeal D. Henrique, mas logo desrespeitada, pois a falsidade da Igreja, sempre ligada ao capital, não olha a meios para atingir os seus fins, continuando ainda hoje essas práticas obsoletas nas festas e romarias em honra dos seus santos, bem como a alimentar-se de avultados negócios, como acontece com as Misericórdias, grandes apoiantes do lobbie tauromáquico e com uma certa burguesia endinheirada, sem que haja coragem nem por parte do Vaticano, nem dos sucessivos governos manipulados por interesses económicos de as proibir, já que a existência de comunidades incultas, ignorantes e exploradas, favorece o poder e fortalece-o.    

   O falso domínio do homem sobre a "fera" e a dantesca visão dos animais torturados, é a compensação oferecida às frustrações das comunidades mais brutalizadas e menos esclarecidas, incapazes de vislumbrar que a imensidão dos dinheiros públicos esbanjados lhes é extorquida, para favorecer classes sociais parasitas e moribundas.  

       

    Enquanto o medo de intervir tolher essa faixa um pouco mais consciente da nossa sociedade e as novas gerações forem treinadas para a passividade, ou levadas a aceitá-la como um inevitável dado adquirido, tão visível em comentários vazios de conteúdo, opiniões descontextualizadas e amplamente lidas nas redes sociais, a mudança das mentalidades permanecerá apenas como um fóssil de vontades tremulas, mas vazias de intenções...     

   Enquanto a cultura não for um sério compromisso de quem a ministra e se permitirem educadores retrógrados, cuja falta de sensibilidade e ignorância os torna instrumentos perfeitos desse  sistema lobista, tão inculcado no nosso povo, jamais Portugal estará livre da corrupção e desse atraso civilizacional onde o medo cala as vozes e reduz as inteligências a simples ideias subdesenvolvidas, padronizadas, rotineiras e medíocres.      

    

      


         

        
    

      

     

sábado, 26 de agosto de 2017

BARRANCOS, A DEGRADAÇÃO LEGALIZADA!


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DIVERSÃO

FESTA

APLAUSOS  

TRADIÇÃO

"CULTURA" E VÍTIMAS!



       Quantas vítimas estarão nesta foto?



   A mais evidente é um animal que foi torturado e morto, vítima da ignorância, do sadismo, das frustrações, dos vícios e da demência de uma comunidade. 

   É um ser senciente que foi torturado e morto para diversão alheia e uma morte perfeitamente legal, mesmo em frente da igreja matriz e com a bênção da mesma.   

   Um animal foi torturado e morto por outros animais que se consideram superiores a ele e que se excitam com o cheiro do seu sangue, a visão da sua dor e o supremo poder de matar sem serem punidos!

  Todos eles são igualmente vítimas, embora se achem heróis!


    São as vítimas das rotinas, do meio em que nasceram, do atraso civilizacional em que subsistem, da manipulação e da revolta contida que os priva de se sentirem humanos, mas cujo excesso de bebida lhes extravasa os instintos bouçais, quando o odor a suor paira no ar, a vista se lhes turva e os pés esmagam o sangue que escorre no solo, misturado com as fezes do animal moribundo que aguarda submisso e humilhado o derradeiro golpe, enquanto finalmente os seus carrascos se sentem os heróis aplaudidos pela plateia primitiva e doente. 

  Barrancos é o prato completo da degradação humana!

  Barrancos é o expoente máximo de um país decadente e vendido. 

  Barrancos  é a cópia fiel dos sucessivos governos vindos de uma pseudo revolução que apenas perpetuou a ignorância de um povo, com os falsos argumentos de igualdade e educação para todos.  

   Barrancos e Reguengos de Monsaraz são as excepções que a falta de coragem não deixou que se generalizassem por este país fora e o saudosismo submisso da pegada espanhola que é tudo menos utópico e enquanto por cá se baixa a cabeça às centrais nucleares junto à fronteira, ao furo de petróleo, se fecham os olhos aos touros de fogo de Benavente e se recebem reizinhos em apoteose nesta república abananada, o povinho tortura touros para não ficar para trás desses "hermanos" que de uma ditadura feroz, só conseguiram evoluir para uma monarquia esbanjadora, com um rei assassino de elefantes, porque o gosto pela tortura lhes corre nas veias. 

     E é assim que as tão convenientes vítimas da ignorância, continuam a existir, porque os lobbies e a corrupção se tornaram tão banais que só quem não dorme os notam, enquanto outros os aplaudem, porque afinal a culpa não é dos "patos bravos" que nos governam, mas sim dos touros, porque há quem diga que são muito bravos...