herança da religiosidade colonizadora!
Recuemos até onde o Brasil era a colónia portuguesa das oportunidades e das promessas!
Recuemos também até um arquipélago perdido no Oceano, chamado Açores!
Porque razão terão tantos açorianos partido para o Brasil e em busca de quê?
A opressão da insularidade, os constantes abalos sísmicos que destruíram aldeias e a miséria, sempre viveram paredes meias com a população açoriana e desde as últimas décadas do século XVII que a sobrevivência se degradou, empurrando os habitantes para a aventura de conquistarem outros mundos.
Só se descobre um território, quando ele é deserto.
Cabral apenas ocupou pela força e pela astúcia o que desde sempre pertencera aos índios!
Os portugueses, tal como outros povos, respaldados por uma fé fictícia, mataram para dominar, experimentando a ambição que o seu escasso território, virado para o mar lhes negava e os seus compatriotas açorianos que traficavam mulheres da sua terra para povoar o que os continentais levaram um século para despovoar, tornaram-se quase gente importante, levando com eles a língua e o dialecto, a ambição e a tão conveniente fé, alicerçada em tradições obsoletas e grotescas.
São esses descendentes dos açorianos bouçais que se adaptaram como peixes na água nos estados hoje chamados Sta Catarina e Rio Grande do Sul e de cujas ilhas, Pico, Faial e mais tarde da Terceira, entreposto comercial das naus que transportavam as riquezas extorquidas nas Américas partiram, habituados à criação de gado, à miséria e ao trabalho braçal .
A tourada e as largadas de touros, tão apreciadas ainda nos Açores, após a breve ocupação espanhola, durante finais do século XVI até meados do século XVII, foram então adaptadas por eles no Brasil, como prática religiosa de castigo pascal a Judas, imagem diabólica chifruda e representada por um animal possante com cornos mortíferos.
Assim se mantêm tradições selvagens cujas vítimas sofrem as consequências da fraca escolaridade e do atraso civilizacional de certas zonas do mundo em que vivemos.
Se formos até aos Açores de hoje, onde a tortura dos touros é ainda o espectáculo preferido nas festas religiosas e onde os crimes de maltrato de outros animais são os mais frequentes e cruéis de Portugal, encontramos uma população pobre, de fracos valores éticos e onde o suicídio de jovens e o abandono escolar são também os mais elevados do país, o que revela que a falta de cultura e a ignorância, são as principais causas destes episódios selvagens que revelam bem a covardia de quem agride e se diverte com o domínio de outros seres que ainda se consideram "inferiores" e por isso os desafiam e enfrentam covardemente.
A Farra do Boi, é sem dúvida a herança de gente atrasada que não só dominou territórios usurpados, como se adaptou e criou raízes profundas neles, denegrindo e contagiando a sua descendência, com os seus piores vícios e traumas.
Como portuguesa informada que sou, apenas me resta a sentida vergonha perante tais práticas aberrantes, bem como o meu sincero pedido de desculpa aos bois torturados, bem como aos touros chacinados no meu país, em nome de uma apelidada "cultura" que decerto não é a minha!