Quando me comprometo a escrever para amigos que, tal como eu, abominam certas práticas cruéis e indignas da nossa evolução e algo não me permite cumprir, fico profundamente triste e revoltada comigo mesma!
Hoje tentei finalmente fazer um esforço para sair do meu confinamento interior, para desenterrar ideias e tentar de novo arrumá-las em frases, mas sobretudo com um pedido de desculpas pela falha imperdoável de vários meses de silêncio.
Nem sempre as rotinas e preocupações do dia a dia, são coincidentes com a capacidade de um raciocínio arrumado e coerente que neste caso, passaria por cumprir o compromisso com aqueles que tão gentilmente publicaram todos os meus textos nos vários boletins do MATP .
Tivemos um ano atípico como jamais imaginámos que pudesse existir nos tempos que correm, mas nem no meio desta feroz pandemia que assolou o mundo, os touros e os cavalos foram poupados à insanidade dos aficionados pela brutalidade que moveram céus e terra para manterem vivos esses espectáculos degradantes, ao invés de tantos outros que foram cancelados por medidas sanitárias desiguais e responsáveis pela mutilação da verdadeira cultura e dos seus intervenientes, órfãos dos recursos financeiros imprescindíveis à sua subsistência .
É certo que em relação aos passados anos, muitas touradas foram canceladas, mas será que esses animais foram mesmo poupados, ou ainda serviram de divertimento em eventos privados, para deleite de amigos e compadres, de forma ainda mais sangrenta, por algozes mentalmente afectados, no secretismo de certas herdades, em festins de sangue, sem o dever de cumprirem regras nem os proformas de uma legislação que apesar de obsoleta, pelo menos protege os animais de práticas ainda mais cruéis e abusivas?
De qualquer forma, têm-se verificado algumas "batalhas" ganhas com vista à abolição das touradas, tais como o aumento do iva nos ingressos, a rejeição da UNESCO quanto ao tão pretendido reconhecimento destas práticas, como Património da Humanidade ou mais recentemente a promessa da proibição da entrada e participação de crianças nestes espectáculos que embora ainda tão fortemente defendidos por certos partidos políticos e financiados por algumas autarquias, mais cedo ou mais tarde, todos sabem que terão o seu fim.
Esperemos que cada um de nós possa ainda ter a alegria de viver esse tão almejado dia em que a abolição das touradas será uma realidade, sem possíveis retrocessos e que 2021 seja o início de uma nova era de saúde e paz para todos!