sábado, 14 de outubro de 2017


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Análise ao comentário  do Presidente do Concelho de Administração da RTP:




"Gonçalo ReisOctober 12 at 7:50pmLisbonFaço questão de ir à corrida de toiros da Casa do Pessoal da RTP no Campo Pequeno. Antes de estar à frente da RTP não ia a touradas, não sou aficionado e confesso que passo metade do tempo a fazer perguntas básicas para o lado sobre o que se passa na arena. Mas também sei que há que valorizar o património e as tradições; que há que dar espaço à diversidade das preferências dos públicos; que há que promover o país descentralizado e os ambientes não urbanos; que devemos ter presentes as posições sucessivas da ERC e da Assembleia da República no sentido de assegurar graus de liberdade na programação e divulgação das várias manifestações da sociedade; que, como diz o Sérgio Sousa Pinto, os bilhetes das touradas são caros e os cidadãos têm o direito de as ver na TV em aberto.
De facto, as minhas preferências pessoais são outras, mas assim como defendo que os amantes de artes plásticas merecem tê-las na RTP, também acho que cabe à RTP ser plural na programação, agindo com tolerância e cobrindo os interesses dos vários públicos."


    Não me apetece aqui gastar mais latim com a defesa dos touros e cavalos explorados e usados na tauromaquia. 

   São muitos os que o fazem e aos quais me junto com orgulho, sempre que as notícias destas aberrações surgem, mas hoje não me apetece falar desses animais, mas sim analisar a escrita de um certo animal que se acha racional, mas que é de longe mais limitado de inteligência do que os outros. 

     Sem sombra de dúvida, quando li o texto do Sr. Gonçalo Reis, achei estranho que tivesse sido assinado por ele, porque pensei tratar-se de um relatório psicológico sobre a total ausência e abandalhamento de personalidade de um cliente deprimido com necessidades prementes de acompanhamento profissional continuado. 


    Há certas pessoas neste mundo de tristes tendências que deviam pensar duas vezes antes de exibirem publicamente a miséria contraditória em que subsistem, porque são apenas folhas mortas caídas da árvore da decadência que rastejam pelo chão com o vento de um lado para o outro, conforme ele sopra, mas quando por qualquer fenómeno meteorológico, se conseguem erguer uns centímetros acima do solo lamacento, acham de imediato que ressuscitaram e que finalmente ganharam importância!

     

    Neste país em que a competência se substitui pela conveniência e onde se acham aos pontapés os protagonistas adequados aos cargos certos, escolhidos não pelas suas capacidades intelectuais, nem pela coerência ou seriedade com que as desempenham, mas sim pela baixeza do temperamento trafulha, na predisposição de absoluta concordância e bajulação perante a defesa acérrima dos tachos que receberam, graças às suas posturas natas de bons alunos submissos e cumpridores das ordens que recebem, mas sem que no entanto a inteligência exista questionar seja o que for, nesse vai e vem onde se confundem a si mesmos, mas no qual se ajeitam, ao mesmo tempo que se tornam peças decorativas e perfeitos paus mandados sempre disponíveis para toda a obra...


     Parabéns, Sr. Gonçalo Reis por ter conseguido vender a alma ao diabo, enquanto desrespeita os já pouco ingénuos assalariados que só por obrigação e sem possível fuga, o sustentam!


    Valeu-lhe essa sua falta de personalidade proveniente de qualquer distúrbio afectivo que o acabou por lançar na ribalta, para que o possamos criticar sem possível equívoco, porque se lhe são   "assegurados graus de liberdade de programação", a que lobbie precisa então o senhor de agradar, quando tem o descaramento de comparar esses espectáculos bárbaros que transmite, com a nobreza das "artes plásticas", sobre as quais poderei falar com pleno direito e conhecimento, visto estar integrada nelas?

    Decerto o curso que o senhor tirou, possivelmente como esses que alguns políticos tiraram por aí ao fim de semana, não lhe dará o direito de julgar nem aquele que tirei, nem o de muitos que hoje os tiram com esforço e trabalho, para injustamente ficarem depois no desemprego...

    Mais uma vez reafirmo que apesar de tudo o que aqui afirmei, o admiro por ter conseguido definir de forma tão sábia, a sujeira em que muitas empresas públicas se movimentam, se vão sustentando e sobrevivendo à custa de gente como o senhor se auto declarou. 
    Confesso igualmente que não consegui ainda entender a forma irónica  como descreve a sua imagem e postura, perante uma arena com animais a sangrar, enquanto as "inteligências" que o senhor bajula aplaudem. Se não fosse o contexto em que o seu relato foi inserido, quase me faria rir, ao imaginar a figura ridícula a que se prestou, tentando interpretar algo de tão básico que só um ser de tão fracos recursos cognitivos, sentiria serem dignos de qualquer douto entendimento... 

    Felizmente, a época das touradas lisboetas acabou finalmente este ano, mas o único sacrifício que desejo que o senhor tenha que fazer para o próximo, seja o de continuar a ouvir as críticas de quem deseja viver num país mais culto e sem essas "tradições" impróprias de gente civilizada, mas confesso que aplaudiria ainda com maior gosto, se o visse  de malas feitas para um lugar mais adaptado às suas débeis competências e onde não tivesse assim tanta necessidade de dobrar a espinha para se aguentar no poleiro... 
     

       

       


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

CARTA AO PRESIDENTE


Exmo  Sr Presidente da República, 

                   Professor Dr Marcelo Rebelo de Sousa

              Excelência

  Solicitaram-me através das redes sociais que escrevesse a V Exª antes de hoje, dia em que haverá mais uma tourada, à qual V. Exª foi convidado, mas preferi esperar para ver e para que a minha "veia contestatária" tomasse depois o devido fôlego. 
   Felizmente, não pela RTP que não vejo, mas pelas redes sociais, soube que V Exª não esteve presente no Campo Pequeno e isso deixou-me um bocadinho mais bem disposta, mas se escrevi apenas "um bocadinho", é porque os anos que já vivi, tiveram o condão de me fazerem menos naif do que já fui... 
   Conforme escrevi uma vez sem ter obtido resposta, não votei em V Exª, nem penso alguma vez votar, porque há certos afectos que me cheiram um pouco a esturro. 
    Infelizmente, uma lesão num pé, não permitiu a minha presença hoje no Campo Pequeno ao lado dos meus companheiros, a quem a polícia, seguindo ordens superiores, empilha atrás de grades, como se fossem feras perigosas, ou mercenários terroristas.
   Choca-me profundamente que num país europeu, uma manifestação pacífica incomode tanto quem de pacífico tão pouco tem e é por isso que nas minhas noites de insónia, quando os pensamentos se colam ao tecto aguardando o sono, este conceito de democracia à portuguesa, me perturba tanto...


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     Meu pai era ateu! 

  Eu não sei bem o que sou, mas uma coisa é certa, Sr. Presidente, apesar de ateu, ele soube ensinar-me que não existem raças, crenças, diferenças, tendências nem espécies inferiores a mim e por isso, acredito que o seu ateísmo era mais Cristão que a "fé" de quem vai à missa e se curva perante o corpo que sangra na cruz . 

   Li algures que V Exª não se impressionou com a morte e a sangria dos touros que viu matar em Espanha, mas não precisa ir tão longe, porque por cá há certas excepções que lhe devem agradar, embora destoem com o cargo que V Exª ocupa, mas já agora, permita-me uma questão:
  Onde ficam os afectos perante a barbaridade do sofrimento de um ser senciente chamado para uma "luta" que não quis e que no final lhe custa a vida?
   Se me disserem que enfrentar um bovino assustado, cuja única reacção de fuga lhe é travada pela redondez do recinto e pela vã tentativa de busca de um qualquer canto que o proteja, mas onde apenas lhe resta o medo que lhe quebra a pacata mansidão da lezíria, nesse derradeiro farrapo de força, chamado instinto de defesa, ou de sobrevivência que se debate entre o ruído da assistência, a música que lhe abafa os rugidos de dor e o sangue que lhe queima o corpo, é uma luta igual, talvez eu ache mais justo um combate de boxe, onde os "artistas" lutam com as mesmas armas e em perfeita consciência. 

    Senhor Presidente, não consigo enquadrar qualquer espectáculo onde os intervenientes não sejam da mesma espécie e não actuem de livre vontade e isso remete-me a outras épocas, com tradições horrendas que apenas figuram hoje nos compêndios de História, como símbolos de selvajaria e atraso civilizacional. 
    Se o futebol é hoje um desporto tão apreciado, há mais de três mil anos era um jogo de morte para o vencedor do jogo da bola dos Maias, onde a crença num Além compensatório e heróico, o fazia aceitar com agrado esse previsível destino, o que revela bem como a evolução da espécie humana tem sido lenta, poupando hoje os da sua espécie, mas condenando e divertindo-se com a tortura e morte das outras, talvez porque a altivez de se sentir humano, lhes aniquile a consciência e persista ainda esse tal gozo de escravizar o próximo, sem conseguir sequer vestir-lhe a pele e sentir-lhe as penas, por breves momentos... 

    Este foi mais um daqueles desabafos que me confortam a alma, mas como sou teimosa e de ideias feitas, nada nem ninguém me fará alterar a prosa, porque quem como eu conseguiu ser livre a pulso, numa época em que poucas mulheres o conseguiram, não "há cavalo que me derrube" e embora eu rejeite, como é óbvio que algum "asno me carregue", como quis a Inês Pereira da farsa de Gil Vicente, continuarei alerta contra tudo e todos, na defesa desses sagrados valores que tantos ainda atraiçoam sem pejo ... 

Com os meus respeitosos cumprimentos,
    

domingo, 8 de outubro de 2017

A SELVAJARIA À LUZ DA CEGUEIRA


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    Um país, onde a instaurada hipocrisia pretende convencer os mais incautos de que essa tal "tradição cultural" a que se chama tourada, é tão inocente e humana que nem a morte do touro na arena se consente (salvo algumas excepções) e onde ainda se legisla ironicamente essa "arte"de torturar, através de um Regulamento dos Espectáculos Tauromáquicos (RET), ao qual se terão retirado posteriormente algumas páginas para substituírem o papel higiénico em algumas repartições públicas e até ministérios, cujas insuficientes verbas se canalizam para a sedenta e decrépita indústria tauromáquica em detrimento da higiene íntima dos seus funcionários, não se poderá decerto considerar civilizado... 


    Na verdade, a higiene ética e mental de quem tem o dever de vigiar e autorizar estes eventos, não deve ser grande coisa, pois não enxergam bem quando faltam os licenciamentos, as entradas abusivas de crianças de colo, conforme as fotos, vídeos e comentários que circulam na Internet, bem como a falta de condições referidas no citado  regulamento, sobretudo em algumas praças amovíveis, com os animais sedentos contidos durante longas horas em camiões ou contentores debaixo das altas temperaturas de Verão e depois de feridos e em sofrimento, aguardando penosamente durante a longa espera pelo matadouro que em muitos casos encerra aos domingos, ou funciona a meio gás e onde muitas vezes acabam por chegar moribundos ou mortos...
   
   Ora como não há muito tempo, em resposta a mais um dos meus alertas, a DGAV me solicitou candidamente detalhes sobre o que escrevi, "para serem averiguados", aqui vai o que solicitaram e que ilustra na perfeição a incúria e o compadrio que se verificam nas actuações tanto da Direcção Geral de Veterinária como da Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC) que se dobram perante os interesses instalados dos lobbies tauromáquicos que apesar de estarem já em avançada decomposição, ainda são protegidos pela tutela e abençoados pela Igreja.  

   Há quem ache que o que se passa fora das arenas fica apenas por lá e não chega ao conhecimento publico, mas nem sempre isso acontece e o que se viu este ano, sobre o que sucedeu em Vila Franca de Xira e não só, ultrapassa todos os limites da decência, se é que ela alguma vez existe em tudo o que envolve a tauromaquia. 

     

    Em Vila Franca de Xira, os festejos são de  violência e pancadaria, mostrando ao mundo a insanidade das suas gentes alcoolizadas e a  conivência das autoridades na infame e indigna tortura de touros e cavalos! 


   Antes do início de um espectáculo, um touro foi estrangulado nos curros com cordas!
   Parece que o animal era "sobrero", expressão que até à data eu desconhecia, mas que me foi depois explicada como sendo própria de um touro suplente que pelo facto de ser menos jovem, poderia ser mais imprevisível ou até mais bravo, o que terá talvez assustado algum "artista" menos afoito que se sentiu bem mais tranquilo com a sua morte atrás das tábuas do que no matadouro, não fosse o diabo tecê-las e o bicho sair-lhe na rifa...   
    Será que o veterinário de serviço presenciou a atrocidade, ou veio só depois declarar o óbito por causas naturais com medo de represálias? 
    É que pelos vistos, tanto em Vila Franca de Xira, como em outras paragens, as "cegueiras" são de tal forma frequentes que tapam  até a justiça, pois na tourada de 5 de Outubro deste ano, o veterinário também não viu que um dos touros era cego de um olho e mandou-o para a arena, onde a sua fraca performance mereceu um "castigo" bem mais severo do que o do doutor  miúpe, cuja simples presença bastou, para que os nossos impostos lhe financiassem o jantar.  

   Infelizmente, quem pagou as favas foi o touro, com dois pares de bandarilhas negras no lombo, com quase o dobro do tamanho do arpão das outras, porque apenas teve a pouca sorte de ser cego e não divertir convenientemente os algozes da assistência. 
    Perante isto e porque está escrito que este tipo de artefacto de tortura, é proibido em Portugal, o que fazia lá a fiscalização do Igac e o tal  "competente" veterinário?
   Será que também não viram, tiveram medo de se manifestar, ou já estavam também com a vista turva? 


  Onde moram as vossas responsabilidades?          Como é possível que se permitam tais atrocidades e atropelos em nome de uma "cultura"bárbara que apenas subsiste na ignorância do povo e nas lixeiras imundas ávidas de sangue de certas sociedades doentias e atrasadas?                                                               Quem são estes nossos governantes e órgãos públicos que financiam e compactuam com tamanha boçalidade?



     SERÁ ESTE UM PAÍS CIVILIZADO ONDE AS LEIS SE CUMPREM E A  NOÇÃO DE CULTURA É VISTA COMO MERECE?