sábado, 23 de junho de 2018

SADISMO À PORTUGUESA


 Foto de Abolição Tauromaquia.


  Quando a palavra "sadismo" escapa de um dicionário e entra na verbalização, é com certeza porque a razão nos deu o alerta para algo inconcebível e macabro. 

   A lei dos homens penaliza apenas alguns desses desvios comportamentais, enquanto aplaude outros, por considerá-los de menor importância, no entanto, a dantesca visão de qualquer ser vivo sujeito a tortura, é sem sombra de dúvida a imagem de sociedades doentes e destituídas dos seus valores mais básicos, éticos e humanos! 

    É assim com quem aplaude o sangue e é assim com quem dele sustenta os seus instintos mais primários, dominando e torturando os seres mais frágeis, por lhe ser vedado legalmente o direito de o fazer aos da sua própria espécie, o que apenas acontece a indivíduos enfermos, pobres de espírito, ou depravados mentais, com evidente baixa auto estima e dificuldades de inserção num universo de paz e igualdade que a todos pertence.

    A tauromaquia é, portanto, um caso grave  de saúde pública, analisado cientificamente em comunidades e países mais desenvolvidos, mas ainda propositadamente ignorado onde se pratica!

   Sem me alongar por outros meandros do sadismo humano e  porque estamos na época de certas "tradições" abjectas, hoje precisei mais uma vez de dar largas aos sentimentos, já que não me é possível regenerar certas consciências, nem curar as inúmeras demências que este mundo teima mascarar.


     Vamos então à tourada e às suas variações de sadismo potenciado pelo álcool?  


   Porque será que esta "tradição" ainda resiste, conseguindo ainda ser defendida por alguns com tanto desespero? 
  
    Os governos defendem estas práticas, porque a ignorância os favorece e num país brutalizado, com uma fasquia da sua população que obtém o seu escape de violência, covardia e poder, através do abuso de seres indefesos, não agirá contra as desigualdades e injustiças a que diariamente é sujeito.
  Verificam-se igualmente esses comportamentos de frustração e violência no futebol, na caça e em espectáculos onde se aplaudem animais abusados e em evidente sofrimento e stress. 
  O frágil conceito de "cultura", ganha nestes casos contornos bem distintos da sua real essência contemplativa e didáctica, para se tornar o escape dos sentimentos mais sórdidos e imorais. 
   A Igreja Católica, desvirtuando as suas origens, desde sempre compactuou com estas práticas, exactamente pelas mesmas razões que os governantes o fazem, porque questionar demais, é perigoso e os rebanhos querem-se mansos e bem domesticados...
   Diz-se por aí que Portugal é um país laico, no entanto, o Estado ainda se apoia na religião, tal como o velho se ampara ao cajado, para se manter de pé.
   A corrupção fica assim impune, porque as instituições públicas continuam a financiar às claras e às escondidas estas atrocidades, enquanto as populações menos instruídas e esclarecidas, não percebem que o escape das suas frustrações, está apenas a ser usado para benefício das mesmas minorias que os enganam e exploram.
   A luta pelo fim das práticas tauromáquicas, mexe com interesses e vantagens, por isso, quando se contesta, ataca-se todo um sistema antagónico à evolução de um povo e ao seu direito à cultura, ao mesmo tempo que se formatam crianças para a continuidade de uma vergonha que coloca o nosso país na cauda das opiniões internacionais mais competentes. 
   É sem dúvida a corrupção e o compadrio que sustentam e mantêm estas actividades que embora moribundas, só resistirão enquanto não se achar que é imperativo o seu desmembramento através da constante e aguerrida contestação e do voto consciente, porque enquanto se alimentarem no poder governos ditatoriais que se sentem seguros das suas posições criminosas, jamais seremos um país do século XXI.