quarta-feira, 20 de julho de 2016

Flores e vítimas


     FLORES  E VÍTIMAS!


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Efémeras e belas, também elas perderão a cor e o viço, tal como as lembranças das vítimas que homenageiam!

Qualquer morte merece flores e qualquer morto, merece deixar as suas pegadas na memória dos que o choraram, mas será que todos eles ganham flores e será que todos eles são chorados?

14 de Julho de 1789 é a data da tomada da Bastilha, a fortaleza- prisão que se tornou símbolo da liberdade do povo francês!


Mas se essa liberdade, igualdade e fraternidade existiu para todos e da qual a Revolução Francesa  fez bandeira, enquanto nas praças as cabeças guilhotinadas rolavam para cestos de vime e os escravos amontoados chegavam de África, obviamente que não acredito, mas o que hoje importa, não são as sombras negras do século XVIII, mas o que hoje se verifica e o que essa tal "bandeira", ainda tão orgulhosamente desfraldada em França, continua a esconder!

  Vejamos então, o que tem acontecido, até ao presente, às ex-colónias francesas que ao contrário de outras, nunca alcançaram uma completa autonomia, porque em quase todos os países africanos ocupados pela França, os movimentos independentistas, foram oprimidos e nada pacíficos, como aconteceu na Argélia, onde se travaram ferozes conflitos com milhares de vitimas dos dois lados, sem vencedores nem vencidos. As elites locais sempre conseguem esquecer anteriores militâncias, aliando-se aos seus antigos "colonos" e garantindo assim indefinidamente o poder, em troca de manipulações, vantagens e jogos de interesses, como a autorização de bases militares francesas no seu território, bem como a exploração das suas riquezas naturais, como acontece, por exemplo, na Costa do Marfim, em relação ao urânio, imprescindível às necessidades energéticas francesas.  
  A França foi o país europeu que mais intervenções fez nas suas ex colónias (mais de 50), o que demonstra bem o seu desejo de domínio e a dificuldade em aceitar as suas derrotas e consequentes perdas económicas.
  Os africanos que procuraram uma vida melhor em França, jamais terão esquecido os seus antecedentes e a descriminação de que foram e ainda são vítimas!
É portanto fácil entender porque se têm verificado atentados em território francês, numa altura em que a extrema direita galopa vertiginosamente e o racismo emerge sem freio, dos escombros nazis, onde antes se acoitava envergonhado.
Para as comunidades imigrantes muçulmanas, vítimas de descriminação e remetidas para bairros assinalados como "perigosos", não terá sido simples digerir as dificuldades de integração de que sempre foram alvos ao longo dos anos. Daí a facilidade com que certos ideais obscuros conseguem singrar facilmente, como resposta a velhos sentimentos de vingança e revolta, por essa falsa "igualdade e fraternidade" que sempre sentiram na pele.



 É evidente que não há justificação possível para a morte de inocentes, mas também não pode haver perdão para intervenções em países independentes, nem para jogos políticos e manobras de bastidores que acabam por alterar equilíbrios locais e transformar descendentes de antigos imigrantes pacíficos, nascidos e criados na Europa, em revoltados assassinos...


A História narrará decerto, não sei se com imparcialidade, todos os acontecimentos deste início de século, onde os conceitos se chocam e as liberdades se perdem...

















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