domingo, 19 de julho de 2015

Touro Bravo






TOURO BRAVO








A erva é tenra, o verde é paz e o Sol brilhou!
O vento quebra os silêncios
E os chocalhos são a música que embala os campos...


SOU UM TOURO BRAVO!


Herói amado e odiado!
Rei dos pastos de olhar perdido.
Força bruta que o medo excita.
Gigante negro que se julga livre.


SOU UM TOURO BRAVO!


Escravo de especismo e raça de guerra inútil.
Animal, como tantos outros, explorado...

Um dia deixarei os pastos, a brisa e a música da Natureza.
Ouvirei os gritos da turba ensandecida
E sentirei a dor e o sangue que me queimará o corpo!


EU ERA UM TOURO BRAVO!


Hoje sou carne ainda viva, para diversão alheia.
Eu era o rei do prado!
Hoje sou o farrapo que tenta sobreviver.

Eu era a valentia que a dor roubou,
Trémulo e moribundo,
Resta-me a saudade do pasto verde,
A resignação aos ferros
E a dignidade perdida!


JÁ NÃO SOU UM TOURO BRAVO!


Sou apenas o fraco sopro de vida,
Num corpo que não é mais meu.
Entreguei-me ao homem que imita valentia,
À dor que me consome e à morte que tarda chegar!


JÁ NÃO SOU UM TOURO!


Sou apenas aquilo que acharam que nasci para ser,
E o que de mim fizeram ...





Teresa Botelho

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