TOURO BRAVO
A erva é tenra, o verde é paz e o Sol brilhou!
O vento quebra os silêncios
E os chocalhos são a música que embala os campos...
SOU UM TOURO BRAVO!
Herói amado e odiado!
Rei dos pastos de olhar perdido.
Força bruta que o medo excita.
Gigante negro que se julga livre.
SOU UM TOURO BRAVO!
Escravo de especismo e raça de guerra inútil.
Animal, como tantos outros, explorado...
Um dia deixarei os pastos, a brisa e a música da Natureza.
Ouvirei os gritos da turba ensandecida
E sentirei a dor e o sangue que me queimará o corpo!
EU ERA UM TOURO BRAVO!
Hoje sou carne ainda viva, para diversão alheia.
Eu era o rei do prado!
Hoje sou o farrapo que tenta sobreviver.
Eu era a valentia que a dor roubou,
Trémulo e moribundo,
Resta-me a saudade do pasto verde,
A resignação aos ferros
E a dignidade perdida!
JÁ NÃO SOU UM TOURO BRAVO!
Sou apenas o fraco sopro de vida,
Num corpo que não é mais meu.
Entreguei-me ao homem que imita valentia,
À dor que me consome e à morte que tarda chegar!
JÁ NÃO SOU UM TOURO!
Sou apenas aquilo que acharam que nasci para ser,
E o que de mim fizeram ...
Teresa Botelho
Gostei muito, o touro merece este poema.
ResponderEliminarBonito demais e extremamente dolorido.
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