Mais uma vez vimos Portugal em chamas!
Nada de admirar, como é lógico, porque num país vendido a retalho, onde se conjecturam medidas, acções e se pagam pareceres para apodrecerem em gavetas, já nada surpreende aqueles que não se deixam convencer por falinhas mansas...
Devemos ser o povo mais maleável desta Europa em coma!
Somos os mais resignados, os que encolhem pacificamente os ombros, enquanto carregam o fardo das más heranças recebidas no passado, como se elas tivessem sido apagadas e não estivessem ainda hoje presentes e a serem pagas por todos nós com juros...
De "orgulhosamente sós", passámos a ser os crentes sebastianistas em cada manhã de nevoeiro, achando que talvez da neblina, desponte alguém que nos restitua finalmente a dignidade, a independência, mas sobretudo a auto-estima, contudo, o que se nos depara, é apenas a imagem curvada do velho filosofo Diogenes, de lanterna acesa, deambulando pelas muralhas da sua amada Atenas moribunda, prestes a ser tomada pelos romanos, buscando alguém com valentia que a conseguisse salvar, mas que nunca apareceu...
Portugal voltou e voltará a arder, não porque uns bêbados incendiários riscaram uns fósforos, mas porque convém a muitos que arda!
E como onde há fumo, há fogo, deixa-se arder até desaparecer a vida e o verde, porque o combustível já lá tinha sido posto antes, para isso mesmo...
Restou no entanto este ano uma pequena diferença, porque as eleições estão à porta e não dá jeito ter mortos nas estatísticas, já que esses se arranjam facilmente e com menos escândalo, nas longas horas de espera e nos cuidados tardios dos hospitais públicos.
Em Monchique, desta vez, preservaram-se exaustivamente as vidas humanas, mas depois, logo se verá, porque a "peste grisalha"abunda e só dá despesa ao Estado.
Não se deixou, contudo, de exibir o poder e a prepotência, com arrombamentos, empurrões e até algemas, para que não se pense que se ganha alguma coisa em levantar a voz e menos ainda a cabeça...
Em Portugal, são proibidos os suicídios, porque nem donos de nós somos, por isso, quando alguém é despejado da sua casa, porque perdeu o sustento e emprego, ou porque a reforma não chega para pagar as rendas que um certo partideco aumentou, quem decidir matar-se, infringe a lei e como tal, torna-se um criminoso que terá que ser julgado, nem que seja já na tumba...
As casas ardem, mas o povo é tão generoso que se espreme em donativos que chegam a todos, menos a quem foram direccionados, mas como os grandes já contam com a ingenuidade alheia, prometem e deixam andar, porque para as eleições basta um bom palavreado, umas bandeirinhas e uns abraços, para que fique tudo para depois...
A selecção tinha que ser feita entre os que contestaram e os que se renderam sem luta.
Quem não mostrou humildade e agradecimento para as televisões, ou não aceitou os abraços do presidente, bem poderá depois esperar sentado por uma casa, desde que não fale demais e não incomode os turistas, não vá aparecer de novo a GNR que pelos vistos se esquece que também é contribuinte...
Quem não mostrou humildade e agradecimento para as televisões, ou não aceitou os abraços do presidente, bem poderá depois esperar sentado por uma casa, desde que não fale demais e não incomode os turistas, não vá aparecer de novo a GNR que pelos vistos se esquece que também é contribuinte...
Quanto aos bombeiros, na sua maioria voluntários, nem se fala, porque devem andar com azia crónica, depois de terem que cumprir as ordens de tantas "sumidades" que mesmo sabendo menos que eles, só os comandam porque preferiram ser apenas bons voluntários a lamber botas e por isso, ao contrário deles, não dormiram no chão, não passaram sede, alimentaram-se bem e sobretudo, não correram riscos, embora alguns saíssem com os seus cargos um tanto ou quanto chamuscados...
Enfim, o que falhou, ainda farei questão de saber com detalhes, mas só de pensar nos entraves colocados ao salvamento das vítimas animais, com tanta resistência, tão demoradas exigências e burocracias, bem como a violência de separarem animais de companhia das suas famílias, ou a malvadez de quem foge deixando-os para trás acorrentados ou trancados sem possível defesa, faz-me avaliar este país miserável, onde a educação cívica é o desfecho do egoísmo, da falta de valores éticos, morais e dessa cultura que tão convenientemente se deturpa e desvaloriza, para que tudo continue igual e sejam eleitos sempre os mesmos biltres corruptos, sem que o nosso povo perceba o que é a justiça, ou a evolução dos tempos, ou mesmo entenda que o nosso próximo, pode ser de outra espécie, mas sente e sofre tal como nós...
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