domingo, 24 de janeiro de 2016

SEM FUGIR À ROTINA







SEM   FUGIR    À  ROTINA

  

Sou portuguesa, neste canto da Europa, outrora dono de si próprio, aguerrido, conquistador dos mares e dos seus valores que acabou vencido, subjugado, envelhecido e moribundo. 



 Venceu-se a rotina de 40 anos de opressão!
 Venceu-se o medo, a subserviência e a falta de amor próprio!

 Ganharam os domadores bem falantes e enganosos!
 Albardou-se a democracia e hoje aplaudem-se promessas ocas!
 Somos portugueses mansos e felizes rotineiros!
  
 E enquanto houver futebol, vinho, fado e touros, o povo não precisa de cultura nem de alimento, porque vive embriagado pelas suas já batidas "tradições" e interiorizada submissão.

 Eleições? 

  Para quê, se grande parte fica em casa, ganham sempre os mesmos e é perigoso arriscar?
 E quem achar o contrário, decerto não se lembra, ou não é de cá!

  Quem não está bem que se mude, porque aqui não há espaço para aventuras ...

 E não é que se mudaram mesmo os obedientes?

 Obedeceram sim, não por serem obedientes, mas porque a rotina e o marasmo os deixou sem pátria nem futuro!
  Partiram e muitos não voltarão, porque aqui ficam só os velhos, os conformados e os ignorantes, mais aqueles que lucram com o conformismo alheio e assim vamos, "cantando e rindo", porque temos sol e não faltam  turistas para as burricadas...

  A Europa é quem manda, porque aqui, o terreno é fértil...
  Mas embora os burros, propriamente ditos, sejam mais espertos do que quem os explora, não podem votar, tal como ninguém quer saber do seu zurrar, porque nasceram para servir e as suas vozes, leva-as o vento...   

 E assim foram murchando os cravos vermelhos, murchou o povo e murcharam as consciências que perderam a força, deixando de pensar e menos ainda de agir...

  

  


    
     

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