domingo, 20 de dezembro de 2020

O CABRITA E O SENHOR DA COMPOTA

    Foi com bastante preocupação que ouvi o ainda Ministro Cabrita confessar humildemente que pode ter cometido erros!

   Na verdade, quem nunca errou que atire a 1ª pedra, só que neste caso, se por cada erro, se atirasse uma pedra, a nossa bela calçada portuguesa, ficaria mortalmente "careca"!

  Falar deste esboço de ministro, já não vale a pena, porque quase tudo já foi dito, mas enquanto eu o definia como um ícone moribundo, eis que a voz se lhe levanta num estrebuchar de crítica, qual ressuscitado ofendido, contra a ideia de remodelação do SEF, proposta ao Presidente da República, por um simples "operacional" que por sinal, calhou ser dirigente da PSP e não um político batido e intocável, como Sr. Cabrita. 

   Além deste episódio desconcertante, eis que nos surge a notícia da demissão do médico legista que denunciou o crime, após a autópsia que realizou ao cadáver do cidadão ucraniano e que gerou o escândalo em curso que compromete o ministro. 

   Embora a demissão do referido médico, não esteja ligada ao referido crime, conforme noticiado, a data e a oportunidade deste afastamento, precisamente no final de Novembro, traz em si um sinistro odor a vingança, deixando muitas dúvidas que talvez nunca sejam esclarecidas. 

   Enfim, deixemos o Cabrita "y sus muchachos", passarem um Natal abençoado e falemos de outra pessoa, não menos fulcral na defesa deste país contra a pandemia e que recentemente surgiu nas nossas televisões, como um D. Sebastião em dia de nevoeiro!



   Rui Portugal, é sem dúvida o herói incontestado da DGS, sigla que aliás nos faz soar campainhas salazarentas, mas que me parecem mais chegadas à "geringonça" dos Açores. O Subdirector de saúde, surgiu nas nossas vidas como um Messias com a palavra certa e imprescindível, durante uma quadra cristã, com um vírus de  perigosas mutações, aconselhando à população "visitas rápidas no quintal de uns e de outros, ou no patamar das escadas do prédio de um ou de outro, com a troca simbólica de uma compota que um fez, ou algo de aprazível no contacto humano, ou contacto de proximidade, mas com o devido distanciamento físico"!

   Foram sem dúvida palavras úteis e de extrema sabedoria, mas ficámos sem saber se a compota deverá ser feita em álcool gel, por segurança, ou como é que se fazem essas coisas aprazíveis, sem contacto humano e à distância.

   Até aqui e apesar das dúvidas expostas, concordo com o senhor, até porque a sua nobre imagem, me fez lembrar o meu avô materno que não cheguei a conhecer, mas cuja foto me mostravam, quando eu não queria comer a sopa. 

    Presumo que o Sr. Subdirector tenha a competência que o cargo exige nesta pandemia do século XXI, porque a nobreza da sua postura e os seus fartos bigodes brancos, remetem-me a imagens de 1918, quando a pandemia era espanhola e os tratamentos eram ventosas e sanguessugas.

     De qualquer forma, o aviso sobre "a utilização moderada e racional de substâncias que possam trazer maiores afectividades...", foi útil, porque pelo menos, a elegância com que as pessoas foram avisadas para não apanharem nesta quadra umas valentes tosgas, é sem dúvida a mensagem de alguém, cujo sangue é azul e não vermelho, como o de qualquer pindérico agarrado à pinga.

    É sem dúvida de notar como estamos bem entregues e como dizia o Tiririca, com esta gente, pior não fica!

            

      

         

     

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

OS INQUÉRITOS DO EDUARDINHO

    Ouvimos repetidamente dizer que em Portugal, os Direitos Humanos são respeitados!   


   

    Ouvimos igualmente dizer que Portugal é um Estado de Direito, onde as liberdades e a dignidade humana são respeitadas, mas será que são mesmo, ou isso só acontece às vezes quando convém?

    O dever de respeitar o outro, seja qual for a sua origem, cor, género, opções sexuais, religião, etc., faz parte de uma ética sociocultural que cada um de nós deveria adoptar a cada passo e sem  desvios...

   O "orgulhosamente sós", apregoado numa das épocas mais sinistras da nossa História, foi finalmente trocado pelos novos tempos que tiveram o privilégio de nos escancararem as portas para um mundo até então ignorado, habitado por outras gentes e diferentes culturas que bem ou mal, nos vão ensinando que a vida não pode ser a "Alegoria da Caverna", mas sim o normal mar de conhecimento e experiências que nos obrigam a sair do isolamento e da ignorância, para que possamos reflectir com clareza, para além das fronteiras acanhadas em que nascemos. 

   Quando se entra na chamada 3ª idade, temos duas escolhas que poderão depender da postura mais ou menos alerta de cada um,  obrigando alguns a seguir o bando sem questionar o que os rodeia, numa rendição morna e passiva ao sistema, com um encolher de ombros tolerante, mesmo perante o intolerável e outros a intervir, partindo a loiça e dizendo, alto e bom som, o que lhes dá na telha sem medo nem preconceitos! 

    É por pertencer ao segundo grupo que hoje decidi dar largas à minha revolta, pela tentativa, felizmente frustrada, de encobrimento do assassinato e tortura de um cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa, por inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fonteiras (SEF), no dia 12 de Março do corrente ano e por ter tido conhecimento da forma criminosa como são tratados muitos dos que, vindos de outros países, ousam entrar em Portugal pelo aeroporto, ingenuamente convencidos que aqui encontrarão respeito, decência e melhores condições de vida!   

   Posto isto, é com profunda repulsa que coloco como rosto principal deste caso, em concreto, o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, pela forma imoral como pretendeu ocultar e depois arrastar o caso no tempo, até um possível esquecimento e  desvalorizando o valor de uma vida que era seu dever proteger!

    A ele, junto igualmente uma vasta trupe em altos cargos públicos, assim como uma instituição pública, cujo vergonhoso intuito de passar incólume entre os "pingos da chuva", fugindo cobardemente à justiça e às responsabilidades, com a absurda desculpa de que os nove meses em que todos eles fizeram silêncio sobre a morte de um inocente, se deveu apenas à pandemia!   

    A todos esses indigentes, despojados de humanidade e valores,  junto ainda o Presidente da República, tão pródigo na distribuição de afectos e generoso com os "pobrezinhos", sobretudo quando as televisões estão por perto, ou nos supermercados, quando empurra sorridente o carrinho de alimentos para o Banco Alimentar, não se lembrando sequer que neste caso, uma mulher e duas crianças, perderam além do seu sustento, um ente querido, porque o Estado que ele próprio representa, torturou e matou barbaramente, o importante pilar de apoio a uma família!  

    Este é sem dúvida um caso de contornos sinistros que ao mesmo tempo nos mostra que além de sermos governados por gente sem caracter, escrúpulos, nem princípios, temos também um "cavalinho de cortesias" em Belém, presente em qualquer evento público, que lhe possa encher o inflamado ego, cangalheiro oficial em funerais mediáticos e missas, mas cuja presença, afinal não passa de  hipocrisia, porque só quando percebeu que a sua falha institucional de apoio às vítimas, era criticada em véspera de eleições, é que achou por bem, dar ao país uma falsa justificação, facilmente desmontada, já que em outros casos, nunca o desenrolar de qualquer inquérito judicial, foi entrave às suas frequentes aparições "caridosas" e opiniões, por isso, poderemos aqui facilmente afirmar que as últimas explicações dadas, quanto à omissão deste caso, não passaram de uma deslavada mentira!     

   Sem dúvida que esta pandemia tem tido as costas largas, mas é estranho que só agora, a incúria e os lapsos do Ministro Cabrita, tenham sido notados, porque desde 2017, após os grandes incêndios que tantas vítimas causaram e após todos os inquéritos noticiados e encomendados para mostrarem serviço que posteriormente se perderam em qualquer arquivo morto do Ministério, como aconteceu com o caso das golas inflamáveis, ou  certas agressões policiais comprovadas e divulgadas pela comunicação social, assim como o rol de incompetências e irresponsabilidades que pesam sobre um ministro que há muito deveria ter tido a dignidade de se demitir, em vez de representar o triste papel de qualquer garotinho que rouba o lanche do amigo e acusa os colegas, para que outros sejam punidos no seu lugar.

    Parece obvio que, pelo menos, perante este último escândalo, só o indecente compadrio com o 1º Ministro, o consegue ainda manter em funções! 

    Um ministro que se vitimiza cobardemente numa conferência de imprensa, declarando-se incompreendido e abandonado, ao longo de um discurso choramingão próprio de um desgraçadinho sem rumo,  acabando por lançar as culpas à Comunicação Social, por esta ter cumprido as suas funções de informar os factos que ele próprio tentou ocultar e achando que mais uma vez passaria incólume com a  "corajosa" demissão, apesar de tardia, da directora do SEF, é sem dúvida a imagem de um país decadente, governado por sabujos incompetentes sem brio que escondem e sacodem os seus erros uns para os outros, arrastando a maioria dos processos mais mediáticos durante anos, com a conivência de uma Justiça podre e a evidente falta de sentido de Estado, caracterizada pela impunidade dos criminosos do regime e por uma falta de honestidade que nos deveria envergonhar a todos!

   Se a cultura deste povo tivesse sido considerada prioritária ao longo dos anos e empenhada no alicerçar dos valores essenciais à formação de sociedades informadas e exigentes na análise e defesa de uma verdadeira democracia, Portugal seria decerto um país mais respeitado e não o filho bastardo de uma Europa que nos critica,  antevendo as nossas falhas e fragilidades, como alimento preferido de corruptos, exploradores dos mais fracos e fonte de radicalismos xenófobos, imorais e ideologias enganadoras que nos levarão ao caos e a um maior descrédito. 

   No primeiro governo de António Costa, entregaram-se os Ministérios da Administração Interna a Eduardo Cabrita, (após a demissão da anterior ministra, durante os incêndios que vitimaram dezenas de pessoas) e o Ministério do Mar e Pescas, à sua esposa. 

   Choveram as críticas de nepotismo e de favorecimento a uma família, cujos laços de amizade com o 1º Ministro, eram sobejamente conhecidas, mas no 2º governo, entre desentendimentos e arrufos, o Ministério do Mar, lá conseguiu sair da família, mas manteve-se na Administração Interna, o amigo Cabrita, visto constarem no seu currículo obras notáveis como os Kits Aldeia Segura, com as 70 mil golas anti fumo, adquiridas por ajuste directo ao marido de uma autarca do PS da zona de Guimarães e vendidas ao Estado pelo dobro do seu valor, mas embora o Ministério Público, tenha constituído até hoje 18 arguidos por uso fraudulento de subsídios, corrupção passiva, abuso de poder e branqueamento de capitais, alguns deles, ainda se mantêm em altas funções no Ministério Cabrita, após a demissão dos restantes.   

    Ao longo de 3 anos de silêncio, buscas e vários adiamentos dos referidos processos, ainda não se sabe se irão ou não a julgamento o que colocaria igualmente o Ministro Cabrita em cheque, como aconteceu com Azeredo Lopes no caso de Tancos que por não ser tão chegado à família Costa, teve menos sorte!

    A tentativa do "passa culpas", é a face dos cobardes e basta estar atento às várias intervenções deste Ministro ao longo dos seus dois infelizes mandatos, para se perceber que além da insegurança, ou obsessão compulsiva com que se defende de qualquer pergunta menos fácil, olhando de soslaio e movendo repetidamente a cabeça da direita para a esquerda e vice versa, vai anunciando inquéritos a torto e a direito, sem consequências nem fim à vista, no desejo talvez de mostrar a competência que sempre lhe faltou e que decerto sabe que não tem. 

    Têm sido também "resolvidos" com inquéritos, os escândalos mais mediáticos de agressões policiais, muitos deles com comportamentos racistas, ou até a proibição de socorro aos animais do canil ilegal de Santo Tirso que poderia ter poupado a vida a centenas de animais e que gerou uma onda de revolta popular e uma audição parlamentar ao Ministro, mas que pelos vistos, não passou de fogo de vista, porque já é sabido de antemão que mesmo que a indignação dos populares seja grande, rapidamente acalmam e se conformam, com as mãos cheias de nada que lhes são oferecidas .

     De qualquer forma, a tentativa de encobrimento desta morte macabra no aeroporto, talvez seja a gota de água que faltava para alguma limpeza tanto da instituição SEF da qual ainda nos falta saber muita coisa, como do Ministério da Administração Interna, com o Ministro na vanguarda, mas será que neste país ainda há decoro, ou só se fazem demissões cosméticas, como a da directora do SEF, para depois se comprar o seu silêncio com um alto cargo no Reino Unido, ligado à imigração e um salário mensal de doze mil euros.

   Finalmente e como a conversa já vai longa, embora muito tenha ainda ficado por dizer, o conselho que eu daria ao senhor Cabrita, é que meta os botões de pânico, na gaveta suja dos seus inquéritos,   mais a sua postura de vítima e assuma-se pelo menos uma vez na vida, trocando, se for capaz, a imagem dada pelo seu sobrenome fofinho, pela dignidade de um "Cabra Macho" corajoso e demita-se quanto antes, nem que o Costa tussa...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

TOURADAS EM ÉPOCA DE PANDEMIA

    Quando me comprometo a escrever para amigos que, tal como eu, abominam certas práticas cruéis e indignas da nossa evolução e algo não me permite cumprir, fico profundamente triste e revoltada comigo mesma! 

   Hoje tentei finalmente fazer um esforço para sair do meu confinamento interior, para desenterrar ideias e tentar de novo arrumá-las em frases, mas sobretudo com um pedido de desculpas pela falha imperdoável de vários meses de silêncio. 
   Nem sempre as rotinas e preocupações do dia a dia, são coincidentes com a capacidade de um raciocínio arrumado e coerente que neste caso, passaria por cumprir o compromisso com aqueles que tão gentilmente publicaram todos os meus textos nos vários boletins do MATP . 
   Tivemos um ano atípico como jamais imaginámos que pudesse existir nos tempos que correm, mas nem no meio desta feroz pandemia que assolou o mundo, os touros e os cavalos foram poupados à insanidade dos aficionados pela brutalidade que moveram céus e terra para manterem vivos esses espectáculos degradantes, ao invés de tantos outros que foram cancelados por medidas sanitárias desiguais e responsáveis pela mutilação  da verdadeira cultura e dos seus intervenientes, órfãos dos recursos financeiros imprescindíveis à sua subsistência . 
   É certo que em relação aos passados anos, muitas touradas foram canceladas, mas será que esses animais foram mesmo poupados, ou ainda serviram de divertimento em eventos privados, para deleite de amigos e compadres, de forma ainda mais sangrenta, por algozes mentalmente afectados, no secretismo de certas herdades, em festins de sangue, sem o dever de cumprirem regras nem os proformas de uma legislação que apesar de obsoleta, pelo menos protege os animais de práticas ainda mais cruéis e abusivas? 
   De qualquer forma, têm-se verificado algumas "batalhas" ganhas com vista à abolição das touradas, tais como  o aumento do iva nos ingressos, a rejeição da UNESCO quanto ao tão pretendido reconhecimento destas práticas, como Património da Humanidade ou mais recentemente a promessa da proibição da entrada e participação de crianças nestes espectáculos que embora ainda tão fortemente defendidos por certos partidos políticos e financiados por algumas autarquias, mais cedo ou mais tarde, todos sabem que terão o seu fim.  

    Esperemos que cada um de nós possa ainda ter a alegria de viver esse tão almejado dia em que a abolição das touradas será uma realidade, sem possíveis retrocessos e que 2021 seja o início de uma nova era de saúde e paz para todos! 

sexta-feira, 31 de julho de 2020

CARTA AO MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

EXMO SR. MINISTRO EDUARDO CABRITA

Excelência:

    Num país que se diz democrático, deveria ser obrigação dos cidadãos que se sentem ultrajados perante certas declarações de um governante, manifestarem-se, como tão bem o fizeram, mas obterem pelo menos respeito e sentirem que a sua razão, exige as adequadas respostas, para que nada semelhante se volte a repetir! 
     Perante as palavras de V. Exª , sobre o que aconteceu em Santo Tirso durante o incêndio que matou várias dezenas de animais de companhia num canil ilegal, sujeito a denuncias durante anos, mas que nunca foram atendidas por quem de direito, só tardiamente e  perante a revolta do povo, este caso, como tantos outros  neste país, se tornou assunto! 
    Presumo que V. Exª, quando deu a ordem de entrada no canil  apenas no dia seguinte ao incêndio, conforme afirmou creio que na Assembleia da República, mas que passou em todos os canais televisivos, ou não pensou que podiam haver animais a precisarem de cuidados urgentes, ou achou que este seria mais um daqueles acontecimentos que iria passar despercebido, como tantos outros que acontecem por cá, onde o alegado "estado de Direito", tantas vezes tem falhado e tanto deixa a desejar ...
    O Exmo Sr. Ministro, talvez não saiba que para além das labaredas de um incêndio que queimam os corpos, sobretudo quando não têm escapatória possível. o fumo é igualmente responsável por muitas mortes que atempadamente se poderão reverter, mas como os animais não votam e estes em particular, não dão lucro, o senhor optou por deixá-los agonizar até ao dia seguinte, sem se preocupar, nem com o profundo desespero de quem os queria salvar, nem com o sofrimento em que muitos desses animais estiveram horas a fio, ou ainda com os que poderiam ter sido salvos. Contudo, o cargo de governante eficiente e seguro de posição de relevo intocável que ocupa, não o inibiu de exibir sem reservas, perante o país inteiro, a sua falta de humanidade, de empatia e de ética, acenando com mais um dos seus inquéritos que se perdem no tempo, acabam geralmente em nada, ou servem quase "ingenuamente" a defesa dos infractores, nos quais, neste caso V.Exª, se inclui. 
   Lamento que a cada passo, se decepcione ainda mais este povo crédulo, de amnésia e mansidão endémicas que tenta ainda acreditar que vive num país de valores, mas entre o qual, infelizmente  não me consigo incluir, talvez porque já cá ando há muitos anos e porque tenho verificado que nos países realmente evoluídos, onde acontecem falhas bem mais insignificantes do que esta, os responsáveis demitem-se, reconhecendo que, como funcionários pagos pelo erário público que são, não devem, nem podem justificar paulatinamente os seus erros, com esse encolher de ombros, bem  patente no discurso cruel de omissão de culpas que V. Exª proferiu e que é sem dúvida ofensivo, para quem não precisa de ir à Igreja bater com a mão no peito, para conseguir abominar qualquer pingo de sofrimento alheio, mesmo que o sujeito, seja "apenas" um cão!

Atenciosamente, 
Teresa Botelho - cc 159278


Morreram 54 animais após incêndio no abrigo de Santo Tirso ...
       

SUBSÍDIOS PARA A TAUROMAQUIA


     


    Sinto uma profunda vergonha por ter nascido num país que sempre teimou não querer evoluir!

    Sinto-me humilhada, quando digo que sou de um país, onde grande parte da população sobrevive sem as mais básicas condições de acesso a uma habitação digna e ao sustento da sua família, mas que se rebaixa em silêncios e rezas, enquanto se encharca em antidepressivos e envelhece sozinha!

    Sinto-me indignada que a cultura deste povo seja de tal forma exígua, mas tão sabiamente manipulada que só consegue construir críticos de futebol e revolucionários de sofá. 

    A velha Lei da Rolha, ou a do "politicamente correcto", hoje   aparelhadas de um novo e moderno palavreado, continuam a ser o engodo populista que protege corruptos e engana os mais  inocentes que por ingenuidade ou amnésia, vão elegendo sempre os mesmos interesseiros, mandato após mandato... 

   Para quem ainda não percebeu que neste país, os milhões que se têm perdido, nunca mais serão recuperados, porque é mais fácil aumentar impostos e perpetuar a pobreza, do que fazer pagar quem rouba, aqui vai a prova de quem também é obrigada a pagar, mas que, ao contrário dos que supostamente deveriam defender a verdadeira cultura, mas que apostam em enterrá-la, não se conforma com tamanhos desmandos : 


   

                            

  


   Infelizmente, pagamos todos a estes senhores feudais, mas ainda há Municípios que, além disto, ainda fazem questão de pagar mais, oferecendo bilhetes aos munícipes, restaurando praças de touros e promovendo estas barbáries, para que o povo possa dar largas às suas frustrações diárias, perante a visão dantesca da tortura infligida a um pobre bovino, numa qualquer arena pintada de sangue e se esqueça do salário miserável que recebe no final de cada mês de trabalho.

     É sem dúvida de lamentar que a cultura de um país, possa  abranger estes espectáculos de degradante sadismo, impróprios de humanos que se acham civilizados, mas que apenas nos envergonham pelo mundo fora e que sejam ainda os deputados eleitos das bancadas do PS, PSD, CDS e PCP, agora tão bem  acompanhados pelo Chega e IL que ao aprovarem semelhantes atropelos à inteligência dos portugueses e à economia nacional, já de si caduca, façam questão em manter as mordomias destes parasitas e amigalhaços do desfalque...  

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Touradas em tempos de pandemia

  

              Vivemos tempos difíceis e inesperados!



    A confiança que adquirimos ao longo dos tempos e a catadupa de novas descobertas científicas, tornou-nos afinal tão ignorantes que não nos deixou sequer imaginar que a Natureza nos iria penalizar com um vírus misterioso e incontrolável que nos limitaria as liberdades mais básicas, despertando em cada um de nós o medo e varrendo o mundo de cima a baixo! 

   A destruição e o desrespeito tocou o insustentável e este Planeta, outrora azul, tornou-se cinzento, após todos os avisos que nos enviou, mas que sempre recusámos ver.

   Destruímos espécies animais, florestas, ecossistemas, derrubámos e ocupámos tudo o que encontrámos pela frente, poluímos os oceanos e envenenámos o ar, transformando a nossa espécie, numa feroz predadora, empenhada em aniquilar-se a si própria através de selecções raciais, étnicas e especistas.

   Mas será que um simples vírus invisível nos irá ensinar alguma coisa?

    Acreditar em boas intenções, não é coisa que se encontre ao virar da esquina e até o Pai Natal, se calhar já comeu as renas, e prefere agora cruzar os céus de avião...

    É evidente que o que agora interessa, é domesticar este vírus, sem pensar em qualquer outro, mais feroz que possa aí aparecer, retomando a vidinha de antes, porque a economia assim o dita e as tradições também... 


As imagens dos 'Toureiros Acorrentados' ao Campo Pequeno (Com ...    Portugal que é afinal o país que aqui nos interessa analisar, fechou-se,  tentando agora reabrir com máscaras e desinfectante, mas será que andar de máscara, consegue ocultar o íntimo de quem a usa, ou a desinfecção compulsiva é suficiente para limpar a baixeza dos sentimentos de quem sempre fez da tortura o seu espectáculo e desporto favorito?   


   É sem sombra de espanto que se continua a verificar a ausência de qualquer aprendizagem, a continuação dos argumentos batidos e a pouca noção do ridículo que caracterizam uma certa fasquia menor do nosso povo!

   Este vírus que afinal, fez questão de só infectar animais humanos, conseguiu a proeza de salvar as centenas de touros que durante alguns meses iriam divertir, à custa das suas vidas e do seu sangue, muitas sanguessugas ávidas dessa aberração a que chamam "arte"!

    O desespero destes tristes auto denominados "artistas", marginalizados pela maioria dos que fazem das artes, da criatividade e do talento o seu ganha pão, é tal que decidiram expor-se da forma mais ridícula e ultrapassada que só as suas mentes limitadas conseguiram, mas perante esta comédia de protagonistas de meia tigela, talvez este fosse o  tempo dos nossos governantes pensarem que urge dignificar a verdadeira cultura, tão premente nos dias que passam para os portugueses, cada vez mais afastados dela, entre populismos baratos, futilidades, pobreza e profundas lacunas de literacia. 

      

 "A educação não transforma o mundo.  

 Educação muda as pessoas.  

 Pessoas mudam o mundo" 

  Paulo Freire (inesquecível amigo dos serões de Bissau)

   

     

 

sábado, 25 de abril de 2020

25 DE ABRIL SEMPRE!


Comemorações do 45º aniversário do 25 de Abril de 1974 | CM Moita




 Era uma vez um país altivo que perdeu a pose, a esperança e a dignidade, após a  mordaça de 46 anos de opressão, fome, tortura, medo, analfabetismo, escravidão e guerras inúteis, mas que ganhou fôlego numa manhã de Abril, para se perder, rendendo-se depois à incapacidade de reagir aos seus novos "donos", cuja cobiça não permite que o povo desperte dessa herança quase genética de  torpor individualista, para se lançar a uma só voz, contra a corrupção, a mentira e a lenta destruição a que tem sido sujeito! 
  
   "Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades", mas a mudança foi sorrateira, manipuladora e de tal forma populista que conseguiu aniquilar as vontades e moldar a dignidade de todo um povo, cujo discernimento se decepou entre convenientes lacunas culturais, resignação, medo de mudanças e a bênção hipócrita de uma Europa desigual!
   Mais uma vez se comemorou a revolução dos cravos e mais uma vez, se tentou amordaçar Abril, com pretextos de ocasião, onde os saudosistas conquistaram os adeptos amedrontados, por uma pandemia que inevitavelmente, lhes poderia ter servido de argumento...
   Lamento contudo que a essência altruísta desta data, não passe hoje de uma quimera para aqueles que verificam que já não é mais "o povo quem mais ordena", mas sim aqueles que ordenaram que este  povo perdesse o ânimo, a memória e a união, para se transformar em peças deslapidadas de um xadrez viciado!