Era uma vez um país altivo que perdeu a pose, a esperança e a dignidade, após a mordaça de 46 anos de opressão, fome, tortura, medo, analfabetismo, escravidão e guerras inúteis, mas que ganhou fôlego numa manhã de Abril, para se perder, rendendo-se depois à incapacidade de reagir aos seus novos "donos", cuja cobiça não permite que o povo desperte dessa herança quase genética de torpor individualista, para se lançar a uma só voz, contra a corrupção, a mentira e a lenta destruição a que tem sido sujeito!
"Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades", mas a mudança foi sorrateira, manipuladora e de tal forma populista que conseguiu aniquilar as vontades e moldar a dignidade de todo um povo, cujo discernimento se decepou entre convenientes lacunas culturais, resignação, medo de mudanças e a bênção hipócrita de uma Europa desigual!
Mais uma vez se comemorou a revolução dos cravos e mais uma vez, se tentou amordaçar Abril, com pretextos de ocasião, onde os saudosistas conquistaram os adeptos amedrontados, por uma pandemia que inevitavelmente, lhes poderia ter servido de argumento...
Lamento contudo que a essência altruísta desta data, não passe hoje de uma quimera para aqueles que verificam que já não é mais "o povo quem mais ordena", mas sim aqueles que ordenaram que este povo perdesse o ânimo, a memória e a união, para se transformar em peças deslapidadas de um xadrez viciado!
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