domingo, 2 de setembro de 2018

OS APRENDIZES DA VIOLÊNCIA

   Impossível ficar indiferente num país onde há crianças que  são abusadas por um Estado que de direito nada tem!

   Impossível achar que uma criança pode ser retirada à sua família só porque ela não tem condições financeiras adequadas para a criar, ou porque alguém a denunciou por razões menos claras, enquanto outros, mais abastados, têm a liberdade de formatar os seus filhos com imoralidades que ninguém se atreve questionar.


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    No passado dia 9 de Agosto, três activistas invadiram pacificamente, a arena da praça de touros de Albufeira, durante uma tourada. Foi um acto de coragem que sem dúvida revelou a índole cruel de quem assiste a este imoral massacre,   resultando ainda num importante alerta sobre a crescente luta anti tourada em noticiários,  programas televisivos e milhares de comentários nas redes sociais, sobre a conduta dos cobardes aficionados que se sentem seguros quando agridem em grupo, pelas costas e sob o já bem conhecido olhar complacente da polícia, tanto na arena, conforme se vê, como depois, quando os arrastaram já algemados...

     
   Quem vai a estes "espectáculos", quer ver sangue, dor, sofrimento e até morte. Babam e excitam-se com a barbárie, mas não toleram que se mostre ou exponha publicamente a obscura realidade dos seus gostos  bárbaros, refugiando-se em agressões contra quem não se pode defender, justificando as suas posturas miseráveis com  argumentos batidos e refugiando-se nessa tradição bacoca, própria de consciências conturbadas, envoltas no esgoto fétido das suas tendências criminosas e bouçais...

       
     Até aqui, se não fosse a permissão vergonhosa da entrada de menores nestes espectáculos, desde que acompanhados pelos seus tutores irresponsáveis, a forma como iniciei deste texto, estaria desfasada, por criticar sem provas, esse tal abuso institucionalizado que um Estado sem direito, exerce sobre as suas crianças, mas é bom que todos saibam aquilo que ouvi da boca de um desses bravos activistas que deram a cara em Albufeira! 


     Um dos cavaleiros que torturou os touros no dia 9 de Agosto de 2018 em Albufeira, fez-se acompanhar da mulher e de dois filhos pequenos, talvez entre os 6 e 10 anos de idade, para que eles pudessem admirar desde pequenos a "valentia" de um pai que apesar de bem protegido pela montada que, como sobejamente sabemos, apara os golpes, enquanto o cavaleiro, como é hábito,  foge espavorido, quando as coisas correm mal...

    Após a entusiástica ovação do primeiro ferro, os activistas que aguardavam o momento de saltar para arena, por coincidência, aperceberam-se que os dois pequenos fãs ali do lado, eram os filhos do referido cavaleiro, acompanhados pela sua extremosa mamã.  
   Depois de umas "gloriosas" voltas do cavaleiro, o segundo ferro, penetrou no dorso do pobre touro, mas ao contrário do anterior, não sangrou copiosamente como seria de esperar. 
   Foi então que o rapazinho mais novo exclamou:


                 " Não deitou sangue!"


    É esta a educação que se transmite a uma criança!  
    É assim que se ensina que é bom e é preciso ver sangue para saciar o apetite de sadismo desde pequeno e é ainda assim que as  assalariadas das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens se calam, achando talvez que só os pobres devem ser referenciados, enquanto a outros, se permitem todas as barbaridades!


   Obrigada, amigo, por me ter contado este triste episódio que não me surpreendeu, mas que contribuiu para me deixar ainda mais revoltada com a falta de vergonha e a irresponsabilidade que singram neste nosso pobre país!      
         
       

     


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