sábado, 3 de dezembro de 2016

A INSÓLITA CORTESIA



Falemos de gente importante!
Falemos de homenagens, subserviência e idolatria.        
Falemos de líderes políticos, religiosos, Reis e Rainhas.



                                        Resultado de imagem para liberdade de expressão tumblr

    Nos tempos que correm, parece haver ainda uma confusão generalizada e um raciocínio amordaçado que nos remete para um limbo de servilismo e de complexos de inferioridade inculcados  e profundamente incoerentes com os tempos que correm.

   Sempre existiu a tendência para a idolatria e sempre existiram os que dela se servem para marcar pontos na vida, usando o mimetismo e o "embasbacamento" como vantagem para os seus mais íntimos interesses. 

   Qualquer "figura pública", ou melhor, qualquer pessoa que se destaque no seio de uma comunidade pelas suas habilidades em qualquer área, deve ser elogiada, mas jamais idolatrada.



    O "beija mão" causa-me náuseas, remete-me à recôndita Idade Média e vejo tal execrável comportamento, como uma das maiores indecências pornográficas da espécie humana, em censurável exclusividade!



    Os capachos "politiqueiros"que rastejam na sombra dos figurões da moda, chafurdam no chiqueiro que bajulam, afundando-se na sua fidelidade "canina" em vielas dos mais obscuros interesses e favores de conveniência.
    Todos os meus ídolos tiveram pés de barro e desmoronaram-se no tempo, porque só o avançar dos anos, nos dá a capacidade selectiva e o saber, para os derrubar.
    Posso adorar uma música, um livro, ou uma obra de arte, mas o seu autor não será nunca por mim idolatrado, porque desconheço a profundidade do seu íntimo, das sua ideias, dos seus gostos recônditos e até das tendências, mais ou menos altruístas, ou confessaveis.
   Perante tudo isto, pergunto a mim mesma, ou a quem me conheça pela rama, porque nem eu me conheço a mim, se alguma vez me veriam curvar perante um rei, ou uma rainha de capa de revista cor de rosa.
    Baixar-me-ei sim, perante o sem abrigo, a quem a vida atraiçoou, ou perante o rafeiro que passa fome e dorme ao frio.
    Baixar-me-ei, perante o refugiado morto que arriscou a vida fugindo de guerras encomendadas e úteis a quem nunca correu riscos e baixar-me-ei sempre a quem luta pela sobrevivência, pela paz e pela racionalidade de uma "Espécie Superior" totalmente irracional, mas sem nunca atraiçoar os meus sentimentos, as minhas convicções e aquilo em que acredito.
    Jamais me calarei por "educação" ou deferência e aplaudo de pé a coragem de quem expõe descaradamente a sua irreverência, sem olhar a inconveniências, ou "faz de conta".
    Aplaudir e levantar-se perante monarcas nascidos entre rendas e folhos, programados desde o ventre materno para serem geniais, nunca será a minha praia, porque a quem nunca fez nada pela vida e a sanguessugas, prefiro virar a cara e achar que deveriam ser eles a ajoelhar-se perante os súbditos e o mundo que os sustenta, mas principalmente e neste caso, ao referir-me, mais concretamente, aos reis de Espanha que visitaram recentemente Portugal , sentir-me-ia profundamente honrada em mostrar-lhes o meu desprezo, beijando na sua frente os corpos moribundos dos touros que gostaram de ver sangrar e cujo sofrimento serviu de bálsamo aos seus baixos instintos e reais frustrações.

    Quem se lembra das caçadas africanas de seu régio pai, das amantes e dos rombos financeiros que uns quaisquer reizinhos bem nascidos em países de gente embasbacada e tradicionalista, ainda tementes ao espectro da ditadura Franquista, decerto pensaria o mesmo que eu, porque qualquer Democracia que se preze, não tolera farsantes iluminados desde o berço, nem profissionais da parasitagem, mas sim de quem se fez a pulso e age como disse o poeta Paul Éluard, no seu poderoso poema "Liberdade" que prefiro ler em francês, mas cuja tradução é mais acessível a todos e do qual transcrevo abaixo um excerto, pois a liberdade de expressão, tão tristemente desvirtuada nos tempos que correm, deveria ser intocável e por todos defendida, para que nunca se rendesse perante a subserviência estabelecida por qualquer protocolo não merecido, ou mesmo injusto e que pode ser quebrado num ápice democrático-pedagogico!



                     " ... Nos refúgios destruídos,

                            nos meus faróis arruinados, 

                            nas paredes do meu tédio  

                             escrevo o teu nome



                            Na ausência sem desejos,

                            na desnuda solidão, 

                nos degraus mesmo da morte,

                             escrevo o teu nome  

                                                                                                 
                             Na saúde rediviva  

                             aos riscos desaparecidos 

                      no esperar sem saudade, 

                              escrevo o teu nome 

 


                              Por poder de uma palavra, 

                              recomeço a minha vida  

                              nasci para conhecer-te 

                              nomear-te  

                
                                   Liberdade"             



Sem comentários:

Enviar um comentário